Ao comentar sobre a penúria econômica do Executivo, Romeu Zema afirmou que seu governo é transparente. “Não temos o que esconder (sobre a falta de dinheiro para o pagamento dos servidores), somos um governo totalmente transparente”, alegou em vídeo publicado nesta quarta-feira (15/1) no Twitter. É transparente apenas porque o governador admite uma situação de conhecimento geral, que é a falta de dinheiro? Fala sério!
Nos últimos tempos, além da falta de dinheiro, falta ao governo justamente a transparência. A operação do nióbio, por exemplo, assunto do mencionado vídeo, nem mesmo os próprios deputados que a aprovaram sabem os detalhes.
Até esta quarta-feira (15/1) o governo havia se calado sobre o esquema financeiro. Desde quando foi aprovado em dezembro questionamos ao Executivo se havia novidade a respeito do caso. E as respostas foram as mesmas: que estava se encaminhando, sem dizer nada especificamente.
O que se sabe sobre o negócio é que servirá para pagar o 13° dos servidores, que usará o nióbio como garantia e seria feito na Bolsa de Valores. Não se tem conhecimento do quanto o Estado ganharia, item importante quando se faz negócios. De acordo com a equipe econômica essa operação é sigilosa. Mas o que a torna um segredo?
Em outras ações do Executivo também foi imposto sigilo. É o caso, por exemplo, da contratação da empresa britânica Rothchild, feita por meio da Codemig para prestação de assessoria jurídica. O fato chama tenção porque não houve na escolha dessa empresa nenhuma seleção e não se sabe exatamente que assessoria será essa e para quê. Ela recebeu do governo R$ 11,4 milhões. Até hoje o governo não explicou o caso e silencia sobre ele.
Outro fato que deixa duvidosa a afirmação do governador é em relação é ao aumento de 37% concedido por ele nos salários dos agentes de segurança pública. O governo não divulga qual será o impacto financeiro da proposta. Disse apenas que enviará o projeto solicitando o aumento em fevereiro à Assembleia.
O Executivo também não divulga sobre as renúncias fiscais concedidas aos setores econômicos. Estudos externos apontam que são cerca de R$ 10 bilhões anualmente que o governo deixa de receber. Mas, um número oficial, da própria Secretaria de Fazenda, não há. Na verdade, ele existe, mas não é informado em relatórios ou no Portal da Transparência.
Incontáveis emails enviados pelo site às secretarias não são respondidos. Quando tentamos algum posicionamento sobre as demandas a resposta é: “já recebemos o pedido e vamos responder o quanto antes”. Totalmente transparente, governador?
Fonte: Os Novos Inconfidentes, por Marcelo Gomes, jornalista