Na cidade de Paracambi, região metropolitana do Rio de Janeiro, 11 mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se juntaram para lutar por terra, renda e autonomia.
A união se deu através de uma planta com enorme valor nutricional. É a chaya, ainda pouco consumida, mas muito amada por quem a conhece.
"Aprendi a fazer várias receitas como o pão, o bolo, o mousse, o suco da chaya, que a gente toma no dia a dia. A sopa, o creme, nhoque, tudo a gente faz com a chaya né?", afirma a agricultora e culinarista Maria Lúcia Paz da Siqueira.
A elaboração das receitas com essa Planta Alimentícia Não Convencional (PANC) deu origem ao coletivo batizado de Empório da Chaya, que comercializa treze produtos beneficiados.
Chaya no ambiente
Mas nem sempre foi assim. Antes da formação do coletivo, o território passava por um período de seca e baixa produção, e por sorte e pelo conhecimento adquirido por elas, a chaya facilmente se adaptou. E mudou esse paradigma.
"[A chaya] é muito resistente, tanto é que a gente faz a poda, porque ela dá uns galhos muito frágeis. Então você precisa manter a poda para fazer a colheita sem perder a planta Então você coloca ela lá no cantinho e ela já está brotando ali por si só", explica a culinarista Áurea Andréa, idealizadora do Empório Chaya.
Maria Lúcia também é integrante do coletivo desde o seu início. A agricultora foi a primeira do grupo a preparar o bolo de Chaya e garante: todo mundo gostou.
"A gente costuma fazer o bolo e colocar o leite, né? Na massa. Aí eu fiquei pensando, pra fazer um bolo verdinho eu vou colocar o suco, aí bati a folha da chaya. Em vez de colocar o leite no bolo, eu coloquei o suco da chaya. O bolo ficou verdinho, fofinho, todo mundo gostou. Aí não parei mais", revela Lúcia.
Lançamento
Para marcar os sete anos de formação do grupo, o caderno Empório da Chaya: Memórias, História e Receitas acabou de ser lançado. As receitas saborosas e verdinhas podem ser facilmente preparadas em casa. Andrea destaca a crepioca.
"É um ovo. Duas colheres de sopa de farinha de tapioca. Uma pitada de sal e duas folhas médias de chaya. Se for uma folha grande já basta. E aí você bate aqui no liquidificador, bota em uma frigideira untada com azeite e recheie ao seu gosto", ensina.
Cuidados
Agora é bom lembrar algumas contraindicações para o consumo da chaya. A planta, que foi trazida da América Central ao Brasil não é recomendada para pessoas com baixo índice de açúcar no sangue, a hipoglicemia, e nem para quem apresenta doenças renais crônicas.
Quanto à dosagem para o uso medicinal, o consumo não pode passar de cinco folhas diárias e atenção: ela também não pode ser consumida crua. Por ser da família da mandioca, é considerada tóxica, e precisa de uma fervura de pelo menos 5 minutos.
De resto, é só aproveitar desse "superalimento".
Fonte: Brasil de Fato, por Pedro Stropasolas