A marca da gestão Zema na Cemig não só é a ausência de políticas de saúde e segurança para a categoria, mas também o ataque deliberado à saúde dos trabalhadores e trabalhadoras. O caos das negociações de quaisquer acordos, o problema contumaz da falta de diálogo com as entidades representativas, o sucateamento que expõe trabalhadores a acidentes graves e até fatais e, é claro, as decisões arbitrárias sobre a Cemig Saúde, criam números de adoecimento recorde na estatal.
Em maio de 2024, a Cemig lançou o Energia Mental. Mais um cartão-postal de boas intenções do que qualquer outra coisa, o programa disponibiliza apoio psicológico posterior ao adoecimento causado por questões estruturais. Com as alterações da NR-1, ações efetivas serão exigidas para a prevenção, como o mapeamento de fatores psicossociais, planejamento e acompanhamento de denúncias.
“É a nossa relação de trabalho que adoece nossa sociedade, não o contrário. A vida das pessoas gira em torno do trabalho”, afirmou Emerson Andrada, nosso coordenador geral, durante sua manifestação na audiência pública da Comissão do Trabalho da Previdência e da Assistência Social realizada no dia 28 de abril, convocada pelo deputado Betão (PT). A audiência tratou sobre saúde mental e as alterações na NR-1.
“Ao longo do tempo, o assédio moral se transformou em técnica de gestão. Antes, era uma forma de um gestor mal preparado lidar com seus funcionários. Hoje, é prática de gestão: a mesma técnica de assédio que um gestor em Montes Claros utiliza é a mesma que outro gestor na Triângulo ou na Leste. Não é coincidência”, denuncia.
Emerson relembra que há grupos de WhatsApp organizados entre gestores de RH de grandes empresas para a troca de ideias sobre como pressionar trabalhadores a alcançar metas. “No setor elétrico, isso já é ideia antiga. A diferença é que existem consultorias especializadas para isso hoje”, diz.
“Qual tipo de Estado, qual tipo de poder público a gente quer? Porque a empresa pública precisa dar o exemplo. E a maior empresa do setor elétrico de Minas Gerais tem dado o exemplo contrário”, afirmou. “Hoje em dia, tenho a percepção que perdemos mais trabalhadores no setor elétrico por autoextermínio que por acidentes”.
— Me dá um cigarro?
— Pode ficar com o maço. Não vou mais precisar.
A frase foi dita pelo trabalhador terceirizado Josilson na noite em que tirou a própria vida. Quilombola, ele passava mais de 30 dias em Belo Horizonte e vinha do interior em ônibus clandestinos para trabalhar. Após a exaustiva jornada, Josilson recebeu apenas R$498 de salário. Quando um colega de alojamento lhe pediu um cigarro, ele já sabia que não iria fumar nunca mais. Naquela mesma noite, se suicidou.
Quem relata o caso que aconteceu em 2011 é José Carlos de Souza, coordenador do Movimento Negro Unificado e ex-assessor político do Sindieletro. Na audiência pública de 28 de abril, Souza trouxe histórias que acompanhou quando estava no nosso sindicato.
Ele também conta a história de Lucas, que com apenas 10 dias de empresa e sem carteira assinada, sofreu um acidente gravíssimo e virou uma “tocha humana” em serviço. Provando que os problemas de saúde e segurança no trabalho se alastram para todas as áreas da vida, José lembra também o caso de Jafferson: após excessivas horas extras, sofreu um acidente nas torres do Caiçara, em novembro de 2011. Ficou um ano internado, tornou-se dependente químico e acabou brutalmente assassinado por envolvimento no tráfico de drogas.
Da megafiscalização que ocorreu depois destes casos, a descoberta: todas as 44 infrações eram consequências diretas da reforma trabalhista. “Não faziam nem uma hora de almoço e, depois da reforma, negociavam entre 15 e 30 minutos de pausa”, conta.
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