Desde 2017, com o golpista Michel Temer na presidência e o início do processo de privatizações, intensificado com mais agressividade e absurdos pelo governo Bolsonaro, os trabalhadores e trabalhadoras da CeasaMinas (Centrais de Abastecimento de Minas Gerais) lutam bravamente para impedir a venda da companhia. A luta sempre foi unificada com lideranças populares, com outros sindicatos (apoio total do Sindieletro) e com deputados mineiros nos âmbitos estadual e federal, que sempre foram parceiros na defesa das empresas públicas.
Agora o fruto da luta dos trabalhadores(as) da CeasaMinas é colhido: a categoria obteve grande e merecida vitória com a decisão de suspensão do leilão de privatização da empresa, na quinta-feira (15). A decisão, publicada no Diário Oficial da União pela Comissão de Licitação, ocorreu uma semana antes da realização do leilão e foi o resultado positivo da frente de luta no âmbito judicial, em ação movida pelo PT. A ação apontou e comprovou irregularidades no leilão, entre elas, o preço muito baixo de venda.
Mas o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Estado de Minas Gerais (Sindsep), apesar de muito comemorar, alerta que houve a suspensão do leilão, mas não o cancelamento da venda. Falta a luta eliminar totalmente o risco de privatização, pois o cronograma para o novo leilão será divulgado após exame, discussão e votação das demonstrações financeiras de 2021 da CeasaMinas. A perspectiva de nova vitória é muito boa, porque o novo leilão ficou para 2023, já no governo do presidente eleito, Lula.
Segundo a diretora do Sindsep, Sânia Barcelos Reis, é um cenário muito comemorado também, tendo em vista que o presidente eleito já antecipou que o projeto de seu governo é não privatizar nenhuma estatal .
“A CeasaMinas é um instrumento de políticas públicas de combate à fome e esse combate é um dos pilares do novo governo Lula. Nossa prioridade agora é lutar para retirar a CeasaMinas e outras estatais do Plano Nacional de Desestatização, o chamado PND, retomando os serviços de qualidade”, ressaltou. Sânia observa que a empresa é fundamental para o abastecimento não só dos mineiros, mas para todo o país, tendo em vista que os produtos chegam de outros estados e são também vendidos para outros estados.
A sindicalista também lembra que a CeasaMinas, assim como outras empresas públicas federais, foram muito precarizadas e sucateadas pelo governo Bolsonaro, justamente para privatizar. Segundo ela, a vitória da luta para retirar a CeasaMinas do PND trará todas as condições para reverter o sucateamento da companhia, retomando os serviços de qualidade.
Luta nos âmbitos da base, da política, da Justiça e junto à população
Sânia resgatou a história de lutas da categoria, destacando que as mobilizações se deram na base e nos âmbitos da sociedade, da política, da administração e da Justiça. “Foi um conjunto de ações para chegarmos à suspensão do leilão. A vitória, embora fruto do resultado de decisão judicial, englobou tudo o que a gente fez, o que foi fundamental para conseguir a suspensão do leilão. Lutamos com o apoio irrestrito de parlamentares de Minas, deputados estaduais e deputados federais que caminharam com a gente. Contamos com o apoio dos deputados Betão e Beatriz Cerqueira, e com os deputados federais Padre João, Patrus Ananias e Rogério Correia”, ressaltou.
A grande vitória para os trabalhadores e trabalhadoras da CeasaMinas deu mais ânimo para a categoria continuar na luta e apoiar outras lutas contra as privatizações, sobretudo em Minas Gerais. Sânia lembra que o governador reeleito Romeu Zema é excessivamente privatista e o Sindsep-MG vai estar junto com outras categorias na luta contra a privatização.
Apoio à categoria eletricitária e outras categorias
O apoio é total ao movimento dos trabalhadores da CBTU (o leilão de privatização do metrô de BH foi marcado junto com o leilão da Ceasa, em 23/12, e não está suspenso) e das estatais mineiras, para barrar a venda da Cemig, da Copasa, da Codemig e outras empresas públicas do Estado. “Somos parceiros dos eletricitários da Cemig, dos trabalhadores da Copasa e de todas as demais estatais mineiras. O cenário em Minas com a reeleição de Zema é sombrio e temos muita luta pela frente. Durante o mandato de Zema, a Cemig, a Copasa e demais empresas públicas de Minas sofrerem e sofrem muitos ataques, estão muito precarizadas, mas estamos juntos para reverter isso e garantir que não sejam privatizadas. A luta é muito de... mexeu com um, mexeu com todos. As estatais são patrimônio do povo, elas não têm que ter lucro para os acionistas, o lucro deve servir ao povo, com serviços e empregos de qualidade”, conclui.