O Motociclista ficou paraplégico após ser atingido por um cabo de rede elétrica. Obra da Cemig estava sem avisos e sinalização
PARAÍSO – Há dois anos, a rotina de Edson Aparecido Gonçalves, 37 anos, mudou radicalmente devido a um acidente que sofreu no bairro Amaro Lanari, em Coronel Fabriciano. Em 27 de setembro de 2011, o então vendedor foi atingido por um cabo que era erguido por técnicos empenhados na manutenção da rede elétrica, na rua Minas Gerais. O impacto, que lançou o motociclista a um calçamento próximo, o deixou paraplégico.
Morador do bairro Cidade Nova, em Santana do Paraíso, Edson lembra que, no dia do acidente, se dirigia ao bairro Caladinho para atender um cliente. Ao trafegar pela rua Minas Gerais, sentido ao bairro Mangueiras, ele recorda que não havia cones nem outros aparatos de trânsito que sinalizassem o serviço de trabalhadores naquela pista. Na altura da estação de tratamento da Copasa, o vendedor foi surpreendido por uma corda e um cabo de energia que eram erguidos por funcionários da Engele Eletrificação e Telefonia, que prestava serviços de manutenção à Cemig.
O cabo atingiu o pescoço do motociclista, que perdeu o equilíbrio e caiu de costas no meio-fio. Além de muitas escoriações pelo corpo, Edson teve derrame pleural (membrana que reveste o pulmão), fraturou a clavícula, o fêmur e a coluna - o que interrompeu o movimento de seus membros inferiores.
O boletim de ocorrência registrado à época, além da perícia feita pela Polícia Civil e a declaração de testemunhas, asseguram que não havia a exigida sinalização do trânsito no local do acidente. Os documentos incriminam a Engele e a Cemig pela tragédia. Edson acionou judicialmente as duas empresas, mas a ação tramita a “passos de tartaruga” na Vara de Fazenda Pública de Ipatinga. Nenhuma audiência foi realizada até o momento.
Em uma cadeira de rodas e dependente dos familiares para as necessidades básicas, Edson lamenta a inesperada reviravolta. “Tudo na minha vida mudou após o acidente. Minha esposa trabalhava e deixou o emprego para ajudar nos meus cuidados; a minha filha, que estava com oito anos à época do acidente, teve problemas na escola; meu pai precisou vir de Caratinga e ficou um bom tempo aqui para me ajudar; a minha renda reduziu muito e passei a depender de ajuda financeira e cestas básicas”, desabafou.
Agora, a rotina do ex-vendedor se resume às idas com frequência ao Hospital Sarah Kubitschek, em Belo Horizonte, para tratamento por meio do SUS. Edson diz, todavia, que os danos financeiros em nada se comparam ao prejuízo psicológico. Ele cobra a responsabilização das empresas, que considera negligentes. “Há um descaso total. Não me procuraram para nada”, disparou.
Descaso
Procurada, a Cemig informou, por meio de sua assessoria de Comunicação, que não irá se posicionar sobre o caso. Não é prática da concessionária de energia elétrica, conforme esclarecido, assumir posição diante de processos em trâmite na Justiça.
O DIÁRIO DO AÇO tentou contato com a empresa Engele Eletrificação e Telefonia, com unidades nos municípios de Ponte Nova e Nova Lima. Um funcionário informou, contudo, que todos os representantes da empresa estariam viajando, e sem previsão de retorno. Um e-mail também foi enviado a um contato informado pelo funcionário da prestadora de serviços pedindo um posicionamento, mas até o fechamento desta edição a reportagem não obteve retorno.