Vigília pela negociação continua



Vigília pela negociação continua

Os diretores do Sindieletro mantêm a ocupação da sala do Comitê na Sede da empresa, iniciada na última quarta-feira, 4. O acidente fatal ocorrido no último dia 3, que tirou a vida do eletricitário da empreiteira Esec, José Pedro, foi o estopim para que os representantes do Sindicato interrompessem a reunião e exigissem uma proposta imediata de primarização. Desde então, os eletricitários fazem vigília na sede e nas portarias da Cemig, num protesto indignado contra a morte dos trabalhadores e em defesa da primarização e da negociação de toda a pauta da categoria.

Os dirigentes se reuniram ontem à noite com o presidente da Cemig, Mauro Borges, que disse que aceita assinar um acordo que esteja “dentro da realidade financeira da empresa”. O Sindieletro cobra a formalização do acordo, como foi prometido pelo governador Fernando Pimentel, ainda em campanha. O Sindicato trabalha na elaboração de uma minuta com a proposta de Primarização, possível de ser assinada em acordo, baseada nas deliberações da categoria em assembleias.

Compromisso

A transferência de atividades para as empreiteiras é a causa principal de acidentes na Cemig. Por isso a luta contra a terceirização é uma bandeira histórica dos eletricitários. Este ano, ocorreram seis acidentes fatais com trabalhadores, sendo cinco a serviço da Cemig e um de iluminação pública.

Durante a campanha eleitoral do governador Fernando Pimentel, o Sindieletro buscou o compromisso da convocação de 1.500 eletricistas do concurso em aberto e de estabelecer um acordo coletivo específico de primarização das atividades-fim.

Desde o início do ano, o Sindicato cobra esse compromisso e a empresa tem se esquivado. A categoria realizou uma paralisação no dia 16 de julho e foi entregue uma carta ao governador apresentando a proposta para o acordo, aprovada pelos trabalhadores. Na oportunidade, o governador reafirmou os compromissos, dizendo que acompanharia as negociações e que queria informações sobre o processo.
No dia 30 de julho foi realizada uma reunião com o presidente da Cemig, Mauro Borges, e os deputados Rogério Correia e Marília Campos, representando a bancada do PT na Assembleia Legislativa. Na ocasião, o presidente prometeu para o final de agosto apresentar uma proposta que, nas palavras dele “seria muito mais abrangente que a do Sindieletro”.

Indignação na mesa de negociação
Na quarta-feira, 4, estava sendo realizada a segunda reunião de negociação para a renovação do ACT. A Cemig apresentou as dificuldades financeiras e em relação à renovação das concessões, às dívidas e às mudanças regulatórias. A empresa propôs estender as negociações por várias reuniões para tratar de cada item da pauta.

Com a indignação provocada pelo acidente que tirou a vida de José Pedro e entendendo que, mais uma vez, a empresa fazia o jogo de enrolação, os representantes do Sindieletro decidiram permanecer em vigília na sala de reuniões sindicais do segundo andar do edifício Sede até que a empresa cumpra os compromissos de primarização.
Nos próximos dias serão realizadas setoriais em todas as portarias da empresa no sentido de mobilizar a categoria para a defesa de uma negociação transparente, para que a Cemig resolva o grave problema da terceirização e responda toda a Pauta de Reivindicações.
A diretoria do Sindieletro convoca todos os eletricitários para a mobilização. Chegou a hora de conquistar!

Morte de José Pedro

Temos denunciado nos últimos dias que a Cemig omite vários acidentes encobrindo as condições de trabalho precário nas empreiteiras.
O acidente com José Pedro ocorreu durante o deslocamento para o pátio da empreiteira Esec, logo após o cancelamento de uma manutenção interrompida por conta de uma energização indevida do circuito, colocando em risco a vida de vários trabalhadores. No retorno, o caminhão da empreiteira que levava 11 trabalhadores capotou e pegou fogo. O eletricista José Pedro ficou preso nas ferragens e morreu carbonizado.
Testemunhas disseram que o trabalhador, ao ver o fogo se alastrando, ainda pediu que todos se afastassem. Vários trabalhadores saíram do acidente com fraturas.
Cobramos uma investigação rigorosa e transparente das circunstâncias do acidente.

Trabalhador acidentado
Por causa da rotina
O anúncio de um acidente
Tá virando rotina
E a vida de quem sofre
Mudando toda a rotina
Dor, sofrimento, mutilação como sina...
Trecho do poema “O que é defender a vida?”
(Lourdinha Fonseca)

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