Ao invés de dialogar com a organização dos trabalhadores e responder as demandas dos eletricitários, para se dirigir à categoria, o presidente da Cemig, Cledorvino Belini, prefere o distanciamento dos vídeos, sem contraponto e diálogo.
Em janeiro, Romeu Zema afirmou que vai sanear a Cemig para torná-la mais atrativa para a privatização. Em março, então recém empossado presidente da empresa, Belini disse em um vídeo nas redes sociais que, “acima de tudo”, é preciso distribuir dividendos aos acionistas.
No último dia 4, em um novo vídeo enviado aos trabalhadores, Belini anunciou ações para o planejamento estratégico de 2019, que deve priorizar a eficiência e otimizar a estrutura organizacional da empresa.
Na gravação, feita logo depois do encontro com superintendentes, gerentes e gestores, o executivo disse que são as chefias que “irão conversar pessoalmente” sobre os objetivos da nova administração com os trabalhadores, o que aponta um modelo de gestão ainda mais vertical do que já vimos na estatal.
Um trabalhador da Sede avalia que o novo presidente usa o mesmo discurso do corte de custos para atacar o quadro de pessoal, “o alvo é sempre o ‘P’- rubrica de pessoal”, principalmente na área operacional.
O coordenador geral do Sindieletro, Jefferson Silva, destaca que, por trás das palavras de eficiência e redução de custos, está a intenção de repassar mais dividendos para os acionistas, mesmo que isso signifique sucatear os processos de trabalho e gerar mais insatisfação ao conjunto dos trabalhadores.
Jefferson Silva ressalta que, ao contrário das promessas de melhorias, o que se vê hoje na Cemig é o anúncio de fechamento de localidades, redução do quadro próprio, cortes no orçamento e a conivência da gestão da empresa com empreiteiras que passaram a controlar procedimentos e serviços da estatal. “Tudo isso gera uma desorganização nos processos de trabalho e afeta os resultados na cadeia produtiva na Cemig”, alerta.
Na avaliação de Jefferson, já está claro que essas medidas visam atender os interesses apenas do mercado, desconsiderando os trabalhadores e consumidores de energia, como as anunciadas no passado e agora, não favorecem em nada a Cemig. Para o sucesso da empresa, é preciso um amplo e democrático debate com quem conhece os processos de trabalho e tem relação direta com os clientes: os eletricitários.