Os deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que investiga possíveis irregularidades na gestão e o uso político da Cemig interrogam, nesta terça-feira (15/2/22), Maurício Dall’Agnese, diretor da Cemig Participações Minoritárias (CemigPar). A reunião será realizada no Auditório José Alencar, a partir das 14 horas.
A CemigPar cuida das participações acionárias da estatal em outras empresas. Uma suposta estratégia de desinvestimento, com a venda de ativos importantes e consequente descrédito da Cemig, para viabilizar politicamente sua privatização, é uma das linhas de investigação da CPI.
Os deputados consideram suspeita a venda da participação da Light na Renova Energia, por R$ 1, em outubro de 2019. A Light ainda tinha a Cemig como sua acionista majoritária naquele ano. A Renova Energia é uma empresa de geração de energia renovável.
Em janeiro de 2021, a Cemig também vendeu, ainda em condições suspeitas, o restante de sua participação na Light, a principal empresa de energia que atua no Estado do Rio de Janeiro, por R$ 1,37 bilhão.
Renova
Em depoimento à CPI da Cemig, Cledorvino Belini, ex-presidente da empresa estatal de energia, revelou ter discordado da decisão de venda da Renova, motivo pela qual se absteve de votar para aprovar a operação, quando ainda fazia parte do Conselho de Administração da Light. Ele renunciou à posição logo depois do fechamento do negócio.
Chegou ao conhecimento da CPI que, apenas quatro meses antes da venda, a Cemig teria recebido uma oferta de compra da empresa de energia renovável por cerca de R$ 480 milhões.
Ex-presidente da Light, Luis Fernando Paroli também relatou à CPI que sempre entendeu que a venda da Renova por esse valor acordado não era a melhor opção.
Light
Quanto à própria Light, o executivo disse que a empresa era operacionalmente lucrativa e que a Cemig poderia ter esperado um pouco para não realizar o negócio com prejuízo. “Nos dois anos que presidi a companhia (2017-2019) ela deu lucro, e os balanços mostram isso”, afirmou.
A Cemig já chegou a exercer o controle acionário da Light por 13 anos, com praticamente metade das ações, mas reduziu sua participação para em torno de 22% um pouco antes da venda da Renova, no primeiro ano do governo de Romeu Zema. Atualmente, a Renova está em recuperação judicial, após ser alvo de investigações por evasão fiscal.
“Maurício Dall’Agnese tem um papel fundamental nessa questão da comercialização dos ativos das subsidiárias, e ele tem muito a explicar”, destaca o vice-presidente da CPI e um dos autores do requerimento para a reunião desta terça (15), deputado Professor Cleiton (PSB). Também assinam o documento o deputado Sávio Sousa Cruz (MDB), relator da comissão, e a deputada Beatriz Cerqueira (PT).
Assédio
De acordo com o deputado Professor Cleiton, ainda serão abordadas questões relacionadas ao convívio do convocado com os servidores da Cemig, uma vez que ele também é acusado de assédio moral. A sua contratação para um cargo tão importante é inclusive questionada internamente pelos funcionários da companhia, com base no seu currículo.
Segundo Professor Cleiton, a CPI também aguarda que o empresário Evandro Negão de Lima se apresente voluntariamente, após receber duas intimações e não comparecer. Se não se apresentar, ele automaticamente entra no relatório da comissão como indiciado, conforme explicou o deputado. O empresário é dirigente do Partido Novo e teria sido o interlocutor do governo e da estatal de energia em contratações sem licitação.
Fonte: Portal da ALMG, foto de Guilherme Dardanhan