Venda das usinas domina as conversas da categoria



Venda das usinas domina as conversas da categoria

Um trabalhador lembra que em 2012 a Cemig aderiu à MP 579 com a renovação dos ativos de transmissão por 30 anos. Na mesma época, a empresa também manifestou interesse na renovação da Distribuidora por 30 anos.

Mas, também influenciada pelos sócios – principalmente a Andrade Gutierrez, que recentemente abandonou o barco e já não está mais na Cemig - a direção da estatal não optou pela renovação da operação de 21 usinas por 30 anos.

“Fizeram as contas” e concluíram que ganhariam mais vendendo a energia no mercado livre do que no regime de cotas (manutenção e operação). E ainda tentariam a renovação no front Juridico.  Apostaram alto, ganharam burras em dividendos, mas agora a Cemig está pagando o preço desta escolha.

Sabiam que o risco era grande, uma vez que o contrato que a Cemig tinha citava a renovação de operação por mais 20 anos (para São Simão, Jaguara e Miranda) tinha uma condicionante que afirmava que o poder concedente “poderá” renovar o contrato. Ou seja, a “União poderia...”, lembra um trabalhador com a postagem na rede social.

Na época houve uma disputa política entre a dupla que comandava Minas Gerais - Aécio Neves e Anastasia, ambos do PSDB, além dos governos tucanos de São Paulo e Paraná que também não aceitaram a proposta da ex-presidente Dilma Rousseff, idealizadora do programa para a redução da tarifa de energia.

Em 2015, a empresa, sob novo comando, participou de um leilão e recuperou 18 usinas, com o desembolso de R$ 2,2 bilhões. Hoje, nós, eletricitários e mineiros, lamentamos a perda de quatro grandes  hidrelétricas e temos mais convicção do que nunca de que o certo era renovar na MP 579. Era preciso assegurar a “galinha dos ovos ouro” e só depois brigar para melhorar a tarifa, assunto que foi tratado logo depois, com a edição da MP 688, que trata justamente da melhoria da tarifa, observa outro eletricitário.

Enquanto os outros estados que assinaram a MP 579 tiveram as concessões prorrogadas estão tranquilos, Minas amarga a perda de 50% da capacidade de geração da Cemig. Para piorar, o leilão sequer teve o objetivo de baixar o custo da energia ou trazer mais investimentos para setor elétrico. Todo o dinheiro da batida do martelo vai para o governo federal pagar a fidelidade canina e interesseira dos deputados que impedem que Michel Temer seja investigado.

Quem vai pagar o pato desse desastre político serão os consumidores que terão que arcar novamente com o custo das usinas.

Não existe almoço grátis: os R$ 12 bilhões arrecadados no leilão serão pagos pelo povo com a conta de luz mais cara. É bom lembrar que, após a construção das hidrelétricas, os mineiros já pagaram pelas usinas por 30 anos.

 

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