Entre 2014 a 2018, a Cemig trouxe para os cofres do governo de Minas R$ 1,3 bilhão. Esse valor corresponde apenas aos dividendos, os lucros dos acionistas. Existem ainda outros mecanismos indiretos que a empresa proporciona ao governo, como investimentos e programas sociais. Essas e outras informações constam em relatórios da estatal e no Portal da Transparência.
Criada em 1952 pelo então presidente Juscelino Kubitschek, a empresa iniciou seu processo de desestatização a partir de 1997. Naquele ano, ela passou a ser de capital aberto, modalidade em que qualquer um pode ser dono da companhia por meio da compra de ações. Na negociação, Minas ficou com cerca de 17% das ações e o poder de controle. Por isso, a Cemig ainda pode ser considerada uma estatal. Atualmente, seu valor de mercado equivale a R$ 22,59 bilhões. Entre 2014 a 2018, esse índice cresceu em 31%. A parte do governo equivale hoje a R$ 3,7 bilhões.
Em relação aos lucros líquidos, foram R$ 797 milhões no primeiro semestre deste ano. Em 2018, R$ 1,7 bilhão. No mínimo, 25% dos lucros são distribuídos todos os anos aos acionistas. Essa divisão é chamada de dividendos. Ano passado, o governo de Minas arrecadou com eles R$ 147,3 milhões. Nos últimos cinco anos, o lucro foi de R$ 1,3 bilhão, valor que poderia ser maior se não fosse a crise econômica.
Além dos lucros, Minas ainda fatura com a Cemig de maneira indireta. Desde 2017 a empresa investe mais em obras do que os próprios departamentos responsáveis por elas. Desde então, foram R$ 3,2 bilhões em investimentos. É a estatal também que promove programas sociais a fim de universalizar a energia elétrica em Minas. Ela também possui iniciativas de fomento à cultura; o principal exemplo é Centro de Arte Popular, museu instalado no complexo Praça da Liberdade na capital.
Privatizar a Cemig e outras estatais é uma questão de princípios para o governador Zema. “A empresa trava o desenvolvimento do Estado”, disse sob aplausos de uma plateia de empresários em evento da Fiemg. Além disso, a privatização delas é condição para que Minas siga o único caminho, pensa o governador, para a salvação das contas públicas: o Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Uma provável venda da companhia energética renderia R$ 4 bilhões, conforme cálculos de Brasília. E então, você venderia?
Fonte: Blog Novos Inconfidentes, por Marcelo Gomes, jornalista