O mês de setembro, com a Campanha Setembro Amarelo- Mês da prevenção do suicídio - nos coloca em debate com um assunto delicado. Os adoecimentos mentais e o suicídio. O suicídio se inscreve no campo dos transtornos mentais- angústias, depressão, alterações de comportamento, bipolaridade, transtornos ansiosos, entre outros. No entanto, essa temática não está atrelada apenas a fatores psíquicos ou biológicos, é necessário pensá-la atrelada também ao contexto social.
As mudanças na economia, associadas às novas configurações do trabalho, impactaram a construção da subjetividade e da própria identidade. Em um mundo em constante mutação, indiferente à dor do outro, que estimula o consumismo desenfreado enquanto aumenta o desemprego, cria-se um sentimento de incerteza e vazio, gerando novos casos de adoecimentos mentais e suicídio. Dessa maneira, os diferentes graus de precarização social refletem em vivências individuais e coletivas mais árduas e penosas.
A patologia do medo instaurada nos ambientes de trabalho induz a condutas de dominação e/ou de submissão, instaurando-se um clima de permanente competição, que gera um mal estar geral no trabalho. Esse sentimento precariza a totalidade do viver social. Esse contexto de instabilidade configura-se como campo fértil para a instalação de patologias do medo.
Nesse contexto, a solidariedade e a construção de coletivos são imprescindíveis à conservação da saúde física e mental dos trabalhadores. Solidarize-se com seu colega, fale sobre suas dificuldades e estabeleça laços de confiança.
Não se julgue e não se culpe. Esse assunto não é brincadeira ou frescura. Fale com seu colega e escute-o com atenção. Mas, sobretudo, procure ajuda especializada.
Julie Amaral, assessora da Secretaria de Saúde do Trabalhador do Sindieletro