Usina de Igarapé: lucrativa e estratégica para o sistema elétrico



Usina de Igarapé: lucrativa e estratégica para o sistema elétrico

Não há nada que explique a decisão da Cemig em encerrar as atividades da Usina Termoelétrica Igarapé, a não ser o desejo insano do governador Romeu Zema e do presidente, Cledorvine Belini, de privatizar a empresa, mesmo que isso gere prejuízos para a estatal, para os consumidores e para o Estado. A termoelétrica é essencial para o fornecimento de energia,  principalmente durante o período de seca, com os reservatórios vazios e a intensa onda de calor que vem com o verão.

Ao contrário do que afirma a direção da empresa, a Usina é lucrativa e estratégica para o setor elétrico, foi o que ficou  comprovado recentemente, quando a ANEEL despachou a operação da Termoelétrica, entre às 5h30 do dia 14, às 18h do dia 17 de setembro, gerando 110MW por hora, energia que foi fundamental para as cidades do Centro Oeste, devido a ocorrência de falhas durante as obras de manutenção e revitalização realizadas na subestação de São Gonçalo do Pará. 

Estratégica e lucrativa

Graças a Igarapé a população da Região não sentiu os efeitos da falta de energia. E os números impressionam e desmentem as justificativas do presidente da Cemig para o fim das atividades da usina. Durante o período em que foi despachada, Igarapé gerou 6.800 MWH. Como foi demandada, a ANEEL remunerou a empresa em R$960,00 o (CVU) - Valor do Custo Unitário, por MW produzido - gerando uma receita bruta de mais de R$6,5 milhões.

As despesas para a produção da energia giraram em torno de R$4.250 milhões, entre matéria prima e mão de obra. Foram  consumidos cerca de 1.700 toneladas de óleo combustível (maior custo no processo). Se levarmos em consideração que o produto estava disponível no estoque da empresa e, conforme informações que chegaram ao Sindieletro, adquirido na época a R$2,50 o KG, a Cemig obteve um lucro líquido R$1.853 milhão, volume excepcional para uma usina que operou por apenas 4 dias.

Imagine o lucro que a Cemig terá se a Usina, que tem licença ambiental para operação até 2024, for despachada pela ANEEL
regularmente até o fim da concessão, o que certamente acontecerá, devido à pouca precipitação de chuvas, dos reservatórios vazios e outras ocorrências.

"Queimando" dinheiro 

No entanto, provavelmente para impedir que isso aconteça, a direção da Cemig, ainda de acordo com informações obtidas
pelo Sindicato, irá demandar a usina para “queimar” cerca 10 mil toneladas de óleo que ainda existem no estoque, cujo valor de compra atualizado é de R$36 milhões, e pretende desativar a Termoelétrica em definitivo, ainda em outubro.

Como não foi despachada pela ANEEL, a energia a ser gerada será vendida no mercado a R$230,00 - valor muito inferior aos R$960,00 pagos pela agência por cada MWH. Só para queimar o estoque de óleo a empresa terá um prejuízo de aproximadamente R$31 milhões.

Para desativar a Usina, a Cemig terá que cumprir diversas exigências ambientais e da ANEEL, que envolvem a retirada da caldeira e reflorestamento da área, por exemplo. Esses custos podem chegar a mais de R$70 milhões. Além disso, nos últimos
cinco anos a Cemig investiu cerca de R$100 milhões na Usina, isso é ou não queimar dinheiro?

Sindieletro na luta contra desmonte da Cemig e pela permanência da UTE Igarapé!

 

Para o Sindieletro, há uma enorme incoerência no discurso de eficiência e compromisso da Cemig com os consumidores.
As termoelétricas são essenciais para garantir a disponibilidade de energia e são acionadas pela ANEEL sempre que há alguma
insuficiência na geração das hidrelétricas. 

O sindicato repudia essa política de gestão, que só visa privilegiar os interesses do mercado, de não zelar por seus ativos e
por seus trabalhadores. A medida poderá comprometer seriamente todo o sistema elétrico nacional, diante da possível fragilidade de geração das hidrelétricas. 

Cobramos da gestão da Cemig diálogo para tratar a questão e tomaremos outras medidas para garantir que a UTE Igarapé
continue operando.

 

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