O presidente da Câmara, Arthur Lira, informou que em agosto, logo após o recesso parlamentar, a Casa vai colocar na pauta a privatização dos Correios.
Será mais um ataque à soberania do país se a proposta da venda dos Correios for aprovada.
Confira a importância da luta unificada da classe trabalhadora em defesa dos Correios e as consequências da privatização da estatal para o Brasil, em matéria do SINTECT –MG, o Sindicato que representa os trabalhadores da empresa.
Unificar a luta para barrar a privatização dos Correios
Em mais de 350 anos de existência, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) é hoje uma das mais importantes e maior estatal brasileira em número de funcionários. Porém, o plano do atual governo e seus aliados é o de privatizar a Empresa e entregar todo o serviço postal do País nas mãos de capitalistas internacionais. Este ato, se concretizado, causará, entre outras coisas, milhares de demissões e um prejuízo sem precedentes para a população brasileira.
O que significa privatizar uma empresa pública?
As empresas que são chamadas de públicas ou estatais são responsáveis, ou deveriam ser, pela manutenção de serviços públicos, por garantir o bom funcionamento do Estado e também o bem-estar do povo. Os Correios, por exemplo, têm função totalmente social. A Empresa foi criada para servir de instrumento de integração nacional. Sua função também faz parte de toda a construção geopolítica do País, podendo auxiliar o próprio governo em toda sua análise histórica, política e geográfica, uma vez que está presente em todos os municípios brasileiros. Desta forma, o Correio também auxilia nas estratégias da segurança do território nacional. Com relação ao lucro, apesar desse não ser seu objetivo central, a ECT é uma empresa altamente lucrativa, ao contrário das “fake news” espalhadas sobre o suposto “rombo”, cujo objetivo é tentar criar uma opinião contra a Estatal.
Para impor esse plano de privatização, demitir milhares de trabalhadores e acabar com todo o sistema postal que atende os rincões do Brasil, o governo precisa fazer com que todos acreditem que o serviço prestado pela ECT é ruim. Assim, impõe-se uma política de sucateamento proposital, com o intuito de fazer com que os trabalhadores e a população brasileira acreditem que a privatização é a “saída necessária”. O que se pretende, na verdade, é explorar ainda mais o povo brasileiro para manter as taxas de lucros dos grandes monopólios internacionais.
Mas no que consiste o plano criado para entregar os Correios às empresas internacionais?
Sucateamento do serviço
São criadas dentro da administração da Empresa várias situações para que os trabalhadores não consigam prestar um bom serviço à população. Para citar alguns exemplos, temos: criação do DDA (Distribuição Domiciliária Alternada) que, na prática, impede a população de receber suas correspondências diariamente; falta de contração de pessoal mesmo com aumento do fluxo de encomendas, o que tem aumentado o desgaste dos ecetistas e, consequentemente, o adoecimento da categoria; falta de material de trabalho como uniformes, carimbos, carros, motos, bicicletas e até os EPI (Equipamento de Proteção Individual) que é de uso obrigatório, de acordo com a legislação trabalhista; retirada paulatina dos direitos trabalhistas conquistados pelos trabalhadores etc.
Temos ainda o caso do plano de saúde da categoria que foi totalmente sucateado e inviabilizado, na prática, pela falta de pagamento aos prestadores do serviço. Os trabalhadores e seus dependentes são submetidos a situações humilhantes no momento de suas consultas, quando são informados que estão impossibilitados de usufruir do plano porque a direção dos Correios não está pagando seus débitos com clínicas, hospitais, dentistas e médicos em geral, situação que se repete em todo o País.
A política de opressão dentro dos setores de trabalho é outra ação sorrateira, que vem causando mal-estar, confusão e um clima organizacional péssimo. Isso vai desgastando os trabalhadores, mantendo-os cada vez mais afastados para que não entendam o que realmente está acontecendo.
Papel da imprensa burguesa
A atuação da imprensa burguesa é fundamental, e venal, dentro do processo de convencimento da população sobre entregar uma empresa pública para o capital privado. Cumprindo a risca os interesses do governo, os canais televisivos e jornais vão divulgando matérias “jornalísticas” buscando influenciar a sociedade e criar um “senso comum” que o serviço estatal seria ruim. No caso dos Correios, sempre são divulgados problemas com a entrega de correspondências, sem sequer mencionar que não há servidores suficientes ou que não há concurso público desde de 2011. A "crítica" é somente para influenciar no sentido negativo, comunicando, nas entrelinhas, que se fosse privado seria melhor.
Na verdade, privatização é sinônimo de roubalheira e crime, basta ver o exemplo da Vale. Durante as décadas que se manteve estatal, a Vale do Rio Doce não foi responsável por nenhuma “tragédia”. Em 20 anos de privatização, o saldo são 12 crimes registrados, incluindo os dois maiores crimes socioambientais e trabalhista da história do Brasil, o de Mariana e Brumadinho.
O processo de privatização da Vale seguiu os mesmos tramites que estão sendo feitos nos Correios: sucateamento, destruição de direitos trabalhistas, terceirização e uma campanha intensa da imprensa burguesa. Agora, privatizada, a VALE imprime um modelo de mineração predatória, onde o lucro vale mais do que as vidas humanas e os responsáveis sequer respondem por isso.
O que fazer?
Não há outra maneira de defender os serviços públicos necessários à população se não for através da luta organizada da classe trabalhadora. A defesa das empresas públicas, patrimônios e riquezas naturais deve acontecer no dia-a-dia, em uma batalha constante contra a política de entrega do País aos interesses capitalistas internacionais, principalmente dos Estados Unidos.
A política do governo brasileiro é de entregar tudo de “mão beijada” e privatizar todas as estatais. Os Correios estão na alça de mira dessa política nefasta e os trabalhadores devem se unificar para impedir essa investida.
As centrais sindicais, federações, sindicatos, movimentos populares e do campo em geral devem se unificar em uma pauta mínima de luta para impedir o desmonte das empresas públicas e também da Previdência Social.
Os trabalhadores dos Correios têm papel fundamental nesta luta pela unificação da classe trabalhadora e em defesa do povo Brasileiro.
Privatização mata!
Não à privatização das Estatais!
Reestatização das empresas privatizadas!
Pela Soberania Nacional, em defesa das riquezas nacionais!
Abaixo à precarização das relações de trabalho!
Pela unidade dos trabalhadores de todo o País!