Na última sexta-feira (11/5) foi marcada por atos em defesa da Eletrobras. Logo pela manhã, em Paulo Afonso (BA), trabalhadores da Chesf saíram às ruas em caminhada para chamar a atenção da sociedade e dos dirigentes públicos para a necessidade de preservação do Rio São Francisco, mostrando a necessidade de defender a Eletrobras/Chesf contra a tentativa de privatização do setor elétrico nacional. A caminhada foi seguida de um ato político.
“Essa é uma grande mobilização em defesa da Chesf e do setor elétrico brasileiro. Toda atenção à questão é urgente, pois a privatização anunciada pelo governo federal significa também a privatização do Rio São Francisco e isso não podemos permitir”, ressalta Raimundo Lucena, diretor do Sinergia e presidente da Frune.
No Rio foi lançada Frente Parlamentar em Defesa do Setor Elétrico
Na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), aconteceu a Audiência Pública Contra a Privatização da Eletrobras, Furnas, Cepel e Eletronuclear e o lançamento da Frente Parlamentar no Estado do Rio de Janeiro, em Defesa do Setor Elétrico.
A Comissão Especial da Câmara Federal e a Frente Parlamentar são movimentos suprapartidários de parlamentares contrários à privatização da Eletrobras, com o objetivo de proteger os reais interesses da população contrária ao desmonte do Estado brasileiro, em especial das áreas ligadas à infraestrutura.
O diretor da Associação dos Empregados de Furnas (ASEF), Victor Costa, alerta que diante da possibilidade de desnacionalização do setor energético, que pode levar a um grande oligopólio privado, a privatização pode aumentar as tarifas de energia no país em quase 20%.
“A Eletrobras tem hoje 1/3 de capacidade de energia do país, metade das linhas de transmissão, 70% da transformação de energia elétrica e um agente privado pode influir no preço da energia”, explica Victor.
“Todos os interessados são agentes estrangeiros ligados a nações, especialmente os chineses. As grandes estatais chinesas estão tomando conta do setor elétrico brasileiro”, denuncia o diretor da Associação dos Empregados de Furnas (ASEF).
O golpe no Sistema Eletrobras
Os trabalhadores criticaram a aprovação do relatório na Comissão do Senado da Medida Provisória (MP) nº 814/2017, que facilita a privatização das seis distribuidoras de energia elétrica controladas pela Eletrobras, que atuam nos estados do Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Piauí e Alagoas.
Segundo os trabalhadores do setor, o governo quer entregar cada distribuidora pelo valor de R$ 50 mil reais.
Também recebeu críticas a apresentação na Câmara do relatório, pelo deputado José Aleluia (DEM-BA), do Projeto de Lei (PL) nº 9463/18, que autoriza a privatização da estatal.
Em Brasília especialista destaca risco de novo racionamento com privatização
A Comissão Especial da Câmara que analisa proposta (PL 9463/18) também realizou audiência na Câmara dos Deputados. O ex-ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner, alertou que da forma como está sendo proposta, a privatização da Eletrobras vai trazer um grande aumento nos custos da energia além de aumentar os riscos de um novo racionamento. Nelson Hubner destacou que até nos Estados Unidos, onde a privatização é uma regra, a área de energia está sob os cuidados do poder público.
O diretor de distribuição da Companhia Energética de Brasília, CEB, Mauro Martineli, destacou que o patrimônio da Eletrobras, só de geração e transmissão, é de 305 bilhões de reais e o governo quer passar a maior parte do controle acionário para empresas privadas por 12 bilhões.”Eles querem vender a empresa unificada, integrada – é um absurdo na minha visão – porque vai ser criada uma mega empresa privada. Uma mega empresa privada que vai ter 31% do mercado, 47% da transmissão, 50% da energia armazenável nos reservatórios, 70% da transformação. Gente o que vai acontecer, vai inibir a competição. Vai acontecer o que aconteceu na Califórnia: manipulação dos preços e a tarifa vai aumentar”, destacou Martineli.
Fonte: FNU/CUT