O coordenador geral do Sindieletro, Jairo Nogueira Filho, analisa o comportamento da Cemig no episódio do pagamento da PLR e avisa: a mobilização dos trabalhadores será reforçada como no ano passado para defender nossos direitos.
Chave Geral: Como o Sindieletro recebeu a notícia de mudança no valor da PLR?
Jairo Nogueira Filho: A mudança causou estranheza ao Sindicato tanto quanto nos trabalhadores, já que a Cemig havia divulgado no dia 25 o valor a ser pago no dia 29. Naquele mesmo dia, a empresa bloqueou o acesso ao RH Fácil. Ali, começaram as suspeitas. Em seguida, informou sobre o reprocessamento da folha por “inconsistências no cálculo da PLR” e que os valores divulgados “poderiam sofrer alterações”. Mas a empresa não quis escrever que já tinha decidido rebaixar a PLR de 2.500 trabalhadores. Procuramos imediatamente o RH para cobrar explicações. Primeiro, o gerente João Lúcio disse que as alterações eram para corrigir erros de cálculo. Mas, depois, a Cemig acabou confirmando a mudança arbitrária na PLR de 2.500 eletricitários.
CG: Como você avalia a postura da empresa nesse episódio?
Jairo: Não é normal uma empresa do porte da Cemig, que tem um RH minimamente organizado, adotar uma medida que impacta na vida e nas finanças de 2.500 pessoas sem chamar os trabalhadores para conversar. Se havia erro, o Sindicato deveria ter sido chamado. Não é assim que a empresa age com o mercado. Quando vai adotar uma mudança chama os analistas e acionistas. Estamos cheios de assuntos pendentes, como mobilidade interna e metas da PLR 2014, que deveriam ter sido acertadas em março. Até agora a empresa não divulgou o resultado das 900 metas da PLR para 2013 e também não explicou os critérios para rebaixar os valores da PLR. Nós questionamos isso à Cemig. Para o Sindieletro, essa postura é injustificável.
CG: Entre os trabalhadores que você tem conversado, qual o sentimento que existe sobre esse rebaixamento da PLR?
Jairo: O eletricitário é consciente e percebe um cinismo da empresa em suas ações e na comunicação que dirige aos seus trabalhadores. Quando cumprem metas, eles recebem tapinha nas costas de gerente, mas na hora de receber a PLR, o valor é rebaixado sem nenhuma explicação. No Linha Viva a Cemig cumprimentou os trabalhadores pelo esforço despendido na busca dos melhores resultados para a empresa e, logo em seguida, vem esse corte absurdo, penalizando 2.500 eletricitários. Em três dias foram tirados mais de R$ 1 mil dos contracheques e ninguém pode fazer nada. A empresa deveria manter o valor divulgado antes, porque muita gente já tinha feito compromisso com o dinheiro. Qualquer mudança teria que ser rediscutida no próximo acordo.
CG: O que virá pela frente em termos de mobilização?
Jairo: Esse golpe só piora o ambiente de trabalho e a sensação de injustiça na PLR, por isso foi combatido pelo Sindieletro. Mais uma vez, quem foi atingido são os eletricitários com menores salários. Gerentes e superintendentes garantiram o valor integral pelo cumprimento das metas e por isso estavam tão felizes, como mostra o documento que a empresa divulgou. A divulgação da PLR da forma como foi feita demonstra falta de organização do RH e divisão entre gestores da empresa. Os trabalhadores não podem pagar essa conta. Nos debates nas portarias eles demonstram disposição para a mesma mobilização do final do ano passado caso a Cemig mantenha essa postura.