Um país menos soberano: o reflexo da privatização da Cemig



Um país menos soberano: o reflexo da privatização da Cemig

Um dia triste para os mineiros e uma verdadeira facada na soberania nacional: usinas da Cemig são privatizadas pelo governo Temer.

 

 

 

 

As quatro usinas da Cemig - Miranda, Jaguara, Volta Grande e São Simão- foram privatizadas pelo Governo Temer e vendidas a empresas estrangeiras.

A usina de São Simão foi arrematadapelos chineses do grupo SPIC, por R$ 7,18 bilhões. O consórcio Franco-Belga Engie ficou com as usinas de Jaguarapor R$ 2,171 bilhões e Miranda por R$ 1,36 bilhão. Já a italiana ENEL adquiriu o controle da usina de Volta Grande por 1.4 bilhões.

Frustrando todas as expectativas, a Cemig, que estava inscrita para o leilão, não ofereceu lances para nenhuma das usinas em disputa.
Apesar dos vários protestos contra o certame, o governo ilegítimo de Michel Temer entregou a soberania sobre a energia e os recursos hídricos para a especulação de empresas estrangeiras e, sem as usinas, a Cemig perdeu 50% da sua capacidade de geração e o país a soberania sobre os recursos hídricos.

Resistência
Uma coisa fiou clara no dia de hoje: nossa luta em defesa das usinas e do patrimônio público do nosso país não termina hoje. Ela continuará até que a classe trabalhadora retome o que é dela por direito.

Durante a manhã desta quarta-feira, houve manifestações em praticamente todas as portarias da Cemig espalhadas pelo Estado.

Em São Paulo, em frente à Bovespa, ocorreu um ato durante a realização do leilão e protestos após a confirmação da entrega do patrimônio público aos estrangeiros.

Em Belo Horizonte centenas de eletricitários, parlamentares, integrantes dos movimentos sociais, MAB e MST, da Frente Mineira em Defesa da Cemig, do Coletivo Quem Luta Educa, da Marcha das Mulheres, se concentraram em frente à sede da Cemig, no bairro Santo Agostinho.

O ex-diretor do Sindieletro na Regional Triângulo, Fábio Carvalho, proponente de uma ação que pedia a suspensão do leilão das usinas destacou que “a nossa luta não acabou e que temos que reestatizar as usinas da Cemig que foram privatizadas”.

Carvalho ressalta que a venda de São Simão, por R$ 7,1 bilhões, representa apenas 60% do custo para a construção de uma usina nova. “A privatização das usinas foi um estelionato ao consumidor de energia porque as empresas privadas têm garantido o retorno do capital investido para a aquisição”.

O deputado estadual Rogério correia (PT) afirmou que irá requerer uma audiência pública na Assembleia legislativa para discutir os impactos da privatização das usinas e buscar formas para reverter os leilões.

Emocionado, o coordenador Geral do Sindieletro, Jefferson Silva, afirmou que a desnacionalização dos ativos da Cemig não vai cessar a luta dos trabalhadores. “Foi a resistência do Sindieletro e da categoria eletriciária que conseguiu rasgar o Acordo de Acionistas em 1998. Temos que ter em mente que também será possível reverter a privatização das usinas e das empresas públicas que estão ameaçadas pelo governo golpista”, destacou.

Para Jefferson o projeto em andamento no Brasil, de privatizações, reforma trabalhista, congelamento dos gastos públicos e da reforma da Previdência irá deixar o país nas mesmas condições do México. Naquele país as relações de trabalho estão fragilizadas e houve acúmulo de capital nas mãos de empresas estrangeiras.

A nossa Luta não acabou
A deputada estadual Marília Campos (PT) ressaltou que o valor de R$ 11 bilhões que o governo federal pretende arrecadar com a venda das usinas representa apenas 10 dias de juros da dívida pública, e não vai resolver o rombo do equilíbrio fiscal.

Para a parlamentar, a verdadeira intenção do governo é enfraquecer a Cemig e vender o patrimônio do povo mineiro. “O compromisso do Temer não é com o Brasil, não é com o povo brasileiro, mas privilegiar empresas estrangeiras”, afirmou.

A secretária de Energia da Confederação Nacional dos Urbanitários (CNU), Fabíola Anderson, destacou que o processo de privatização em curso no país engloba todas as estatais do setor de energia elétrica e a Petrobras, além dos Correios e da Casa da Moeda, colocando em risco a soberania nacional.

A presidenta da CUT Minas, Beatriz Cerqueira convocou todas as categorias para se unirem contra o desmonte do estado brasileiro e transformar o direito em mercadoria “Se não nos unirmos na defesa do serviço público e acharmos que as lutas são específicas de cada setor,aumentam as chances de sermos derrotados”, alertou Beatriz.

O deputado estadual Geraldo Pimenta (PCdoB) lembrou a luta histórica dos eletricitários que, junto com ações do ex-governador Itamar Franco, impediu a privatização da Cemig e de Furnas. Essa resistência também garantiu a aprovação da PEC 50 durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso que protege as estatais de Minas.

Jairo Nogueira filho, diretor do Sindieletro e secretário Geral da CUT, Minas afirmou que a privatização das usinas “faz parte do processo de entrega do patrimônio público para o mercado”.

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