O acidente ocorreu no dia 28 de dezembro de 2023, aproximadamente às 17h40, em Vitoriano Veloso, distrito do município de Prados conhecido também como Bichinho. Moradores relatam que trabalhadores de uma empreiteira da Cemig realizaram a troca do transformador e, logo após a saída da equipe, o mesmo transformador desprendeu do poste e caiu no chão, quase atingindo um pedestre que passava pela rua. O susto só não virou tragédia por sorte, mas a indignação é gigante: “Está dando um rebu doido”, relata um dos moradores.
Com a queda, o óleo isolante do transformador se espalhou pela rua, gerando riscos – um casal se acidentou quando passava de moto pelo local. Ao deslizar no óleo, o tombo foi inevitável. Cabos da rede de telefonia também vieram abaixo. Alguns ficaram suspensos em frente às portas do comércio, obrigando os comerciantes a fecharem os estabelecimentos. O óleo isolante de transformadores é tóxico se inalado e pode causar irritação na pele, além de possuir ação corrosiva e ser inflamável. Essa descrição está prevista na Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico (FISPQ).
Não é aceitável que situações como essa possam ocorrer em qualquer empresa do setor elétrico. É inadmissível acontecer na área de concessão da maior empresa de energia elétrica do Brasil! A Cemig tem condições estruturais e financeiras suficientes para investir em melhorias na organização do trabalho e atestar a boa prestação de serviço, garantindo saúde e segurança aos trabalhadores e à população.
Código de conduta é incoerente com realidade do trabalho na empresa
No Código de Conduta da estatal está previsto que a saúde e segurança dos trabalhadores e da população é o princípio base. É exigido dos trabalhadores um comportamento moral e ético, obedecendo às leis, à regulação, a esse Código de Conduta e a todas as outras normas internas da Companhia. E é importante que a gestão da empresa estabeleça orientações que corroborem com a saúde e segurança dos trabalhadores e da população. No entanto, escrever essas orientações sem garantir as condições materiais e organizacionais para zelar pela saúde e segurança das equipes e da população é reduzir o Código ao conto da carochinha.
Na verdade, o que está prescrito no Código de Conduta da empresa não está articulado com a realidade do trabalho, e o gargalo desta contradição está no modelo de gestão de empresa de economia mista e no projeto de privatização da Cemig. Os representantes privados (banqueiros e empresários) na gestão da empresa e a diretoria indicada pelo governador Romeu Zema priorizam sempre a maximização dos lucros. Para esse fim, reduzem diversos custos, inclusive de pessoal, precarizando as condições de trabalho e a prestação de serviços. Essa condição tem potencializado os acidentes de trabalho e enriquecido os acionistas.
No caso específico do acidente em Bichinho, é necessária uma investigação para apurar a causa da queda do transformador. Mas no geral, os trabalhadores terceirizados ficam condicionados à maior produtividade com condições de trabalho precárias. Em alguns casos, encontramos trabalhador com pouca experiência e treinamento diminuto realizando atividades complexas. Por conta dos baixos salários, os trabalhadores terceirizados buscam aumentar os ganhos financeiros através da produtividade, trabalhando mais e mais rápido. O dono da empreiteira também ganha na medida que conclui mais serviços. Mas são os especuladores (acionistas) da Cemig que mais ganham com as condições precárias dos terceirizados, pagando baixos salários e estrangulando o custo do contrato de prestação de serviços.
Os moradores de Bichinho vão à luta para cobrar da gestão da Cemig os prejuízos causados, principalmente aos comerciantes, que tiveram que fechar os estabelecimentos até a normalização da situação. Pasmem: um dos comerciantes atingidos informou que conseguiu reabrir sua loja apenas no dia 4 de janeiro, sete dias após o acidente.
O Sindieletro vai entrar em contato com a gestão da Cemig para solicitar esclarecimentos e as devidas tratativas em relação ao acidente, para dar retorno aos moradores atingidos. Lamentamos o ocorrido com a população de Bichinho e reafirmamos que a Cemig é uma grande e importante empresa do setor elétrico brasileiro, é um patrimônio do povo de Minas Gerais. No entanto, os especuladores e o projeto de privatização da empresa, capitaneado pelo governador Romeu Zema, estão prejudicando nossa estatal. Salvar a Cemig é preciso para que situações como essa não voltem a ocorrer.
Cemig: esse “trem” é nosso!