Trajetória: Metalúrgico, sindicalista, presidente, preso e presidente de novo



Trajetória: Metalúrgico, sindicalista, presidente, preso e presidente de novo

Por Alecsander Heinrick


Lula da Silva (PT) venceu Jair Bolsonaro (PL) nas urnas por 50,90% a 49,10% e será novamente presidente do Brasil a partir de 2023. Aos 77 anos, Lula vai para o terceiro mandato na presidência. Relembre a trajetória do petista.

Infância e adolescência

Sétimo de oitos irmãos, Lula nasceu em Caetés, interior do Pernambuco. Aos 5 anos se mudou com a família para Santos e depois para São Paulo. Na infância, trabalhou como engraxate, ambulante, office boy, auxiliar de tinturaria e nos Armazéns Gerais Columbia.

Aos 14 anos, ingressou no ramo que o levaria a ganhar destaque mais à frente: a metalúrgica. Lula iniciou um curso de técnico de torneiro mecânico. Em seu primeiro emprego na área, na Fábrica de Parafusos Marte, sofreu o acidente que lhe custou o dedo mindinho. Foi ressarcido em dinheiro e comprou um imóvel para a mãe.

Aos 17 anos, começou a trabalhar em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, onde começou a frequentar o Sindicato dos Metalúrgicos, que viria a liderar anos depois.

Aos 27 anos, Lula assumiu a Diretoria de Previdência Social e FGTS do sindicato, deixando de ser operário. Na liderança do grupo, o futuro presidente comandou greves que tomaram proporções nunca antes vistas na ditadura. Por conta disso, passou 31 dias preso pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), em São Paulo.

Cada vez mais forte como líder sindical, Lula ingressou na política nos anos 80, ajudando a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) e atuando nas Diretas Já.

Em 1986, foi eleito deputado federal em São Paulo. Três anos depois, concorreu pela primeira vez à Presidência do Brasil, chegando ao segundo turno, mas acabando derrotado para Fernando Collor. Nas duas eleições seguintes, voltou a concorrer para presidente, perdendo novamente, dessa vez para Fernando Henrique Cardoso, tanto em 1994 quanto em 1998.

Os mandatos como presidente

Em 2002, Lula concorreu novamente para presidente, mas mudou o estilo para um candidato mais “moderado”, o que o fez ganhar muitos votos.

No primeiro turno, ele teve maioria dos votos, com 46,44%, mas não o suficiente para não ir ao segundo turno com José Serra, que teve 23,19%.

No segundo turno, Lula recebeu apoio dos principais adversários (Garotinho e Ciro Gomes) que não avançaram e foi eleito pela primeira vez presidente do Brasil, com 61,27% dos votos.

Ao concorrer para a reeleição, em 2006, Lula tinha aprovação de boa parte da população pelos projetos sociais que havia feito, principalmente para a população mais pobre. Antes das eleições, teve que superar o escândalo do Mensalão, que estourou em meados de 2005, com a denúncia do ex-aliado de Lula, Roberto Jefferson, sobre o pagamento de R$ 30 mil por mês a deputados para votarem para legislação favorecida pelo partido na Câmara dos Deputados dos Brasil.

Apesar das denúncias contra o PT, Lula, que não foi réu no Mensalão e declarou não saber sobre o esquema, foi reeleito no segundo turno, com 60,83% após quase conseguir vencer no primeiro turno (48,61%) o candidato Geraldo Alckmin (41,64%), que hoje é o vice do próprio Lula.

O presidente reeleito fez mais um governo que agradou à população, tanto que encerrou o ciclo na presidência com 83% dos brasileiros afirmando que a gestão dele foi ótima/boa.

Prisão e volta por cima

Em 2014, a Operação Lava Jato, que visava condenar responsáveis por corrupção, teve início na 13ª Vara Federal de Curitiba, liderada pelo então juiz federal Sergio Moro. Três anos depois, após prisões de vários dirigentes da Petrobras, políticos, operadores de lavagem de dinheiro e empresários, e um impeachment da presidente aliada de Lula, Dilma Rousseff, o ex-presidente foi condenado a nove anos de prisão. Nos meses seguintes, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) referendou a decisão e aumentou a pena de Lula para 12 anos.

Em abril de 2018, após ter habeas corpus negado, Lula foi preso em Curitiba. O ex-presidente tinha a intenção de concorrer nas eleições presidenciais de 2018. Caso concorresse, segundo pesquisas, ele era favorito contra o candidato Jair Bolsonaro.

Após Lula ser preso e perder o direito de se candidatar, o PT anunciou Fernando Hadadd como substituto na corrida presidencial. A partir desse momento, o jogo virou e Bolsonaro passou a liderar as pesquisas.

Lula viu da cadeia o aliado ser derrotado por Bolsonaro, que fez campanha baseada no anti-petismo, nas eleições de 2018. Em novembro de 2019, após 580 dias preso, Lula foi solto por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que entendeu que a prisão só poderia ocorrer após o trânsito em julgado, e não após a segunda instância, contrariando decisão do próprio STF em 2016.

Em 2021, o Tribunal decidiu pela suspeição de Sergio Moro, entendendo que ele agiu de forma parcial no julgamento de Lula. Com isso, todos os processos contra o então ex-presidente foram extintos ou arquivados por falta de provas ou prescrição.

Em maio de 2022, Lula confirmou a candidatura para concorrer à presidência e “derrotar o bolsonarismo”. Ele se aliou ao “ex-rival” Geraldo Alckmin, que virou seu vice-presidente. Lula liderou as pesquisas de intenção de votos desde o início, com algumas apontando que o candidato poderia vencer ainda no primeiro turno.

Lula não conseguiu vencer no primeiro turno, tendo recebido 48,43% contra 43,20% de Bolsonaro. No segundo turno, Lula venceu Bolsonaro na disputa presidencial mais apertada da história do Brasil, com 50,90% contra 49,10% e retornou ao poder após 13 anos.

Fonte: Hoje em Dia

 

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