Trabalhadores por aplicativos: precariedade nas condições de trabalho e exploração



Trabalhadores por aplicativos: precariedade nas condições de trabalho e exploração

A Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) realizou na noite de segunda-feira (27) mais um debate virtual, em sua página no facebook, com um tema fundamental para a classe trabalhadora e toda a sociedade brasileira, nestes tempos de retirada de direitos de trabalhadoras e trabalhadores e de ameaça de contaminação pela Covid-19, potencializada pelo descaso e pela política genocida do governo do Estado de Romeu Zema (Novo), e do governo federal, com Jair Bolsonaro. A CUT vai continuar na resistência para conquistar mais direitos para a classe trabalhadora.

Desta vez, o debate foi “A luta dos trabalhadores de aplicativos". A categoria realizou  mais uma mobilização, com paralisação das atividades, no último sábado (25). Participaram da Live o porta-voz do Movimento Entregadores Antifascistas, Paulo Lima, o Paulo Galo; o ex-presidente da CUT e diretor da Fundação Perseu Abramo, Artur Henrique da Silva Santos; e o presidente da CUT/MG, Jairo Nogueira. A mediadora foi a secretária-geral da CUT/MG, Lourdes Aparecida.

Mais de 5 mil pessoas assistiram à Live, que contribuiu para denunciar as condições precárias e a exploração a que trabalhadoras e trabalhadores por aplicativos são submetidos, sem direitos e garantias e sob conceitos falsos de que são empreendedores e seus próprios patrões. As empresas fora do campo virtual tratam os trabalhadores como colaboradores e tentam colocar, durante muitos anos, na cabeça deles, de que não são trabalhadores.  Nos aplicativos tentam incutir na cabeça dos entregadores a ideia do empreendedorismo e do faça você sozinho, seja seu patrão. Isso confunde o trabalhador,  que pensar ser dono do seu próprio negócio, mas tem um patrão cruel, que precariza suas condições de trabalho. A CUT busca conscientizar os trabalhadores desse ramo para que a luta seja conjunta. 

Cooperativas

Paulo Galo e Artur Henrique citaram as experiências das cooperativas que estão sendo realizadas em outros países. O processo (de cooperativas) está sendo estudado no mundo inteiro, é uma alternativa aos aplicativos que precarizam e escravizam trabalhadoras e trabalhadores. Os Entregadores Antifascistas têm buscado inspiração em cooperativas de entrega, que já existem no exterior, embora, em geral, sejam ainda iniciativas recentes que contam com cerca de 20 a 30 entregadores. É o caso da Mensakas, criada em Barcelona a partir de um movimento grevista contra a Deliveroo (empresa de entregas forte na Europa), em 2017. Nelas, a categoria se une, faz o contraponto com os aplicativos e lutam pelos seus direitos trabalhistas.

Sem vínculos com as empresas para quem prestam serviço, as condições dos entregadores de aplicativos é de precariedade. Em suas jornadas, que chegam a 12 horas por dia, 30 dias por mês, não contam com vale-refeição, assistência médica e trabalham sob risco constante de acidentes de trabalho.

“Na Live, debatemos a luta dos trabalhadores em aplicativos. Foi excelente, com contribuições maravilhosas. A fala do Paulo Galo nos trouxe uma contribuição muito forte, nos trouxe uma realidade muito forte para a gente que é do mundo sindical. Os entregadores, muitos deles negam que são trabalhadores. Ainda entram na lógica do aplicativo de que são colaboradores. Negam  a política, isto dificulta muito o diálogo. Galo chama a atenção destes trabalhadores do quanto é importante se conhecer como trabalhadores, de como é a força do trabalho que move o mundo e não o contrário”, avaliou a secretária-geral da CUT/MG, Lourdes Aparecida.

“O Artur nos traz um histórico desta luta do ponto de vista dos trabalhadores de aplicativos, mas um apanhado geral, pegando algo mais nacional, de como está se dando esta luta fora de São Paulo, em outros estados. Como está em nível de organização. Deu uma pontuada dentro da conjuntura nacional como um todo. Foi muito bom”, acrescentou Lourdes Aparecida.

Ela também comentou a participação do Jairo Nogueira que, além de presidente da CUT Minas, é diretor do Sindieletro. “O Jairo deu sua contribuição também, trazendo um pouco do que temos  sobre os trabalhadores em aplicativos em Minas Gerais. Então, foi excelente. Espero que tenhamos conseguido fazer os trabalhadores em aplicativos que assistiram a nossa Live entender que, primeiro, têm que se aceitar como trabalhadores. Entender e se reconhecer como trabalhadores e não como colaborador, como seu patrão. Pois não é patrão. E, segundo, organizar-se enquanto trabalhador de fato, com todos os instrumentos que eles precisam para isso”, concluiu.

Fonte: CUT Minas

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