Assembleia realizada na terça-feira (15) na Ford de São Bernardo, no ABC paulista, definiu os próximos passos para os trabalhadores, que começaram a deixar a empresa, aderindo a um pacote de benefícios negociado pelo Sindicato dos Metalúrgicos. O fim das atividades na linha do New Fiesta, em junho, atingiu aproximadamente 760 funcionários, que devem sair ainda neste mês. Ficou a produção de caminhões, que se mantém apenas parcialmente, a princípio até o final de outubro, com 590 horistas.
Continuam as negociações para venda da fábrica, mas até agora as conversas não avançaram, apesar da expectativa de anúncio de um comprador, que poderia ser o grupo Caoa. O sindicato não participa dessa negociação, mas cobra o compromisso de que, efetivada a venda, os funcionários da Ford sejam priorizados na seleção. Esses 760 da linha do Fiesta devem deixam a fábrica agora, com direito a um pacote que prevê pagamento adicional de dois salários por ano trabalhado. Outros, em número menor, já haviam decidido sair. São 712 horistas – diretamente ligados à produção – e aproximadamente 50 mensalistas, de áreas administrativas.
Na assembleia de hoje, o ex-presidente do sindicato Rafael Marques, atual presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID), informou que nesta semana devem ser produzidos em torno de 310 caminhões – apenas ontem, foram 80 unidades. Até outubro, a previsão é de que serão fabricados mais 750. De acordo com Rafael, em agosto não deverá haver produção por falta de peças.
A empresa anunciou em fevereiro o encerramento das atividades em São Bernardo até o fim do ano, como parte de um processo de reestruturação global. Representantes dos metalúrgicos viajaram até os Estados Unidos para tentar manter a fábrica, mas a direção mundial da Ford manteve sua posição. Começaram, então, gestões para que a unidade fosse vendida, mantendo ao menos parte dos postos de trabalho.
Na semana passada, a prefeitura de São Bernardo divulgou nota para afirmar que recebeu “com indignação” uma informação do vice-presidente da empresa Rogelio Golfarb, sobre 750 demissões provocadas pelo fim da produção do New Fiesta. E afirmou que, mesmo após audiência no Ministério Público do Trabalho, a montadora não apresentou um plano para o desligamento desses trabalhadores, considerando que o município foi tratado com “desprezo”. Desde fevereiro, a Ford não fez pronunciamentos públicos.
Rede Brasil Atual