A participação dos trabalhadores nas assembléias realizadas até o momento tem sido expressiva e participativa. A resposta da categoria para a enrolação da Cemig em apresentar uma proposta concreta para o pagamento do retroativo dos 3% é paralisar as atividades no dia 23. No entendimento dos eletricitários é preciso pressionar a empresa para cumprir o acórdão do TST.
A categoria também está deliberando sobre a proposta do Sindieletro de um Acordo Coletivo Específico de Primarização (ACE) que, se for aprovada, será entregue diretamente à direção da Cemig. A proposta prevê a contratação anual de três mil eletricitários.
Durante os debates realizados na última quinta-feira, 11, na Itambé, a categoria aprovou a proposta do Sindicato para o ACE e a paralisação. A técnica de projetos, Adriana Lúcia de Melo ressalta que a expectativa geral é que a Cemig acate integralmente a decisão do TST e pague o retroativo “Não tem nenhum sentido a empresa se recusar a cumprir o que já é direito nosso”. A eletricitária também considera urgente que a Cemig abra concurso público, a criação de programas eficazes de saúde e segurança para todos os trabalhadores, inclusive nas empreiteiras e que reveja o PCR e a PLR, garantindo regras claras e justas.
O diretor do Sindieletro, Goethe Eduardo Barroso, destacou que a categoria tem que demonstrar muito mais energia para conquistar direitos, principalmente em função das muitas pendências existentes na mesa de negociação. “Além do retroativo que ainda não foi pago, o Acordo Coletivo de Trabalho de 2014 está pendente, assim como a discussão da PLR e outros pontos em aberto, e a campanha pelo ACT 2015 se aproxima”, alertou.
Na Cidade Industrial, o clima também era de apoio à mobilização. O Técnico de campo do sistema elétrico do Quarteirão 14, Márcio Soares Teixeira Campos, considera a proposta de ACE acertada. “A primarização na Cemig é urgente. Temos que levantar essa bandeira, não dá mais para conviver com os acidentes e trabalhadores precarizados. O trabalhador também concorda com a postura do Sindieletro de não colocar em votação uma proposta não oficial para o pagamento do retroativo. “Temos que pressionar a empresa para negociar e apresentar uma proposta oficial. Porr isso, a posição da maioria dos trabalhadores do Q14 é pela paralisação no dia 23. “Queremos resolver depressa esse ponto para que possamos centrar nosso foco em outras questões de interesse da categoria, se não pressionarmos a empresa nossas pendências não serão resolvidas”, acrescenta.
O técnico mecânico do sistema elétrico, Éder Bruno Pereira, considera a deliberação pela paralisação no dia 23 o único caminho possível. “Se não tem proposta formal da empresa não temos que votar nada e a paralisação é a única forma dos trabalhadores mostrarem para a direção da Cemig que estão mobilizados. Queremos propostas concretas e negociações de verdade”. Éder considera a aprovação de proposta de ACE da primarização um grande avanço. “Muita coisa não está andando como deveria nas negociações. A promessa de acabar com a terceirização feita pelo presidente da empresa tem que ser colocada em prática” diz.
O mecânico de manutenção de transformadores Quarteirão 14, Gilberto Gonçalves Fonseca, considera a primarização das atividades fins essencial para a valorização do quadro próprio e para garantir que o trabalho seja feito com mais empenho e qualidade. “A terceirização só causa prejuízos para a empresa, para a sociedade e para os trabalhadores, que são obrigados a conviver com péssimas condições de trabalho, metas de produtividade absurdas e acidentes”, afirma.