Um trabalhador da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), assombrado pelo risco de demissão, denunciou ao Esquerda Diário que Zema quer privatizar a empresa "a conta gotas", vendendo seus ativos, o que levaria à demissão de funcionários. Também está na mira dos leilões de Zema a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), que administra o maior contingente de nióbio do mundo.
Desde o governo estadual de Fernando Pimentel Pimentel (PT) a privatização do nióbio é um objetivo do Estado. Para isso foi criada a Codemge, para a qual foram transferidos os funcionários e a maior parte das propriedades, deixando na Codemig apenas as reservas de nióbio em Araxá. Desde então, a Codemge administra o Expominas, na capital e no interior, o Parque das Águas de Caxambú, a Rodoviária de Belo Horizonte, do Projeto OXI em Juiz de Fora, da MGgrafeno, além de outras parcerias com empresas privadas, todas elas bastante lucrativas..
Romeu Zema (Novo) já iniciou seu governo determinado a beneficiar os empresários, às custas do sofrimento dos trabalhadores. Em 27 de novembro de 2019 consolidou-se o decreto 47.766 que criou o Conselho Mineiro de Desestatização. O governador utiliza-se sempre de um discurso de que as medidas seriam pra equilibrar as contas do estado. Entretanto, o relato do trabalhador sobre as privatizações mostra exatamente o contrário.
A primeira tentativa de privatização no governo Zema (Novo) foi das Unidades de Atendimento Integrado (UAI), já em janeiro de 2019. O governador declarou publicamente a intenção de privatizar Cemig e Copasa. As privatizações podem ser encaradas como fruto de um pacto com o governo Bolsonaro, pois este as exigiu, além do “ajuste fiscal”, em troca da suspensão e parcelamento da dívida do estado com o governo federal.
Zema elogia a Vale, mostrando que não dá importância pras consequências criminosas da privatização. Também prometeu a privatização de estradas, com o mesmo discurso de que seria necessário para o desenvolvimento econômico do estado e geraria empregos.
Seguindo essa mesma lógica, no governo Zema, todos os imóveis da Codemge são postos à venda e seus funcionários transferidos para a cidade administrativa. Ou seja, abre-se mão do prédio da empresa pra pagar aluguel na Cidade Administrativa, cobrado pelo governo. Essa mudança terá alto custo, resultando em R$300 mil por mês a mais do que é gasto hoje, denuncia o trabalhador.
Segundo a denúncia, o presidente da companhia disse abertamente que se ela der prejuízo vai ser vendida, argumentando que é um desafio tornar a Codemge autossustentável. Entretanto a sanha privatista está longe de apontar para uma autossustentabilidade, ao contrário, está apavorado os funcionários com o risco iminente de demissão.
Na denúncia, o trabalhador também destaca que por a Codemge não ter tanta visibilidade quanto Cemig e a Copasa, sua privatização pode ser facilitada.
Entretanto, ele relata que a Codemge é lucrativa para o Estado, gerando 1 bilhão de reais por ano de lucro e quase 100 milhões por mês com nióbio. A empresa detém 75% do nióbio do Brasil, que produz 95% do nióbio mundial. A perspectiva, segundo o trabalhador, é que a empresa seja vendida por R$20 bilhões - preço de banana.
Essa denúncia explicita o acordo de Zema e toda a política tradicional mineira sobre a necessidade burguesa de descarregar a crise sobre as costas dos trabalhadores e do povo pobre. O governador patrão de Minas Gerais não poderia oferecer mais do que fim da previdência no Estado, ataques ao funcionalismo público e privatizações, atingindo em primeiro lugar os negros, as mulheres, a juventude, e todos os trabalhadores e oprimidos.
Entretanto, várias experiências na luta de classes tem mostrado como o avanço de uma política selvagemente neoliberal encontra limites quando eclodem fenômenos sociais de revolta popular, quando a nossa classe ciente de sua força muda tudo.
É preciso que travemos em MG um forte combate contra as privatizações e que potencializemos nossa luta contra esse sistema de miséria dando seguimento a batalha que começou no dia 29 de maio. Precisamos que os sindicatos, que são em grande maioria dirigidos pelo PT e PCdoB, organizem a nossa luta pela base, chamando uma grande paralisação nacional contra todos os ataques de Bolsonaro, Mourão, os militares e todos os golpistas e governadores como Zema.
Fonte: Esquerdadiário, foto: Gil Leonardi/Imprensa-MG