Todo trabalhador ama viver, será que alguém pode decidir que ele vai morrer?



Todo trabalhador ama viver, será que alguém pode decidir que ele vai morrer?


Será que para a gestão atual da Cemig somos ervas daninhas? Com as inúmeras situações de desrespeito ao direito à vida e ao trabalho saudável, seguro e digno por parte da gestão, é essa impressão que fica. É provável que o hábito de tratar tudo como número e moeda é o que faz com que gestores se sintam imunes às dores do ser humano; mas contrariando aos desavisados úteis, informo que não são permitidos a eutanásia, a morte assistida, o assassinato e nem precarizar o trabalho, expondo os trabalhadores ao risco de acidente e de morte.


De 2019 até agora, a direção da Cemig tem tomado decisões que pioram as condições de trabalho. Mesmo com os indicadores de segurança (TF, TFA e TG*) com números absurdos, ainda que “ajeitados”, comprovando a negligencia sistêmica, os resultados que são destacados continuam sendo os econômicos, enquanto pessoas morrem.

Será que a corrente elétrica que percorreu o corpo do Gabriel Luciano lá em Pai Joaquim, o corpo do Dayvid Mendonça lá em Candeias, e as lâminas de aço que perfuraram o corpo do Marcelo lá em Frutal não foram consequências das deliberações da gestão, que com isso usurpou a vida como um sacrifício pagão ao “deus dinheiro”?

Os trabalhadores têm domínio e conhecimento das atividades através da troca de experiência, formação e treinamento. Eles são capazes de propor melhorias e, quando isso não é respeitado, também são capazes de prever e avisar que o apocalipse não é individual e, sim, pra todos, se não reagirmos agora.

O adoecimento e a morte na Cemig são o resultado da barbárie, pois a gestão, de fato, trata a vida como um negócio e, para ela, nossa carne é a mais barata do mercado.

Os atuais gestores apostam na precarização operacional e organizacional a fim de obter lucro exacerbado e também criar a narrativa “perfeita” para acelerar o projeto de privatização. Excedem, erram e, banalizam as análises sobre o setor elétrico, meio ambiente e segurança e, ainda tomam atitudes de mais perversidade.


De julho até hoje já foram 5 mortes. Indigna-nos, preocupa-nos, pois, considerando o atual período de chuvas e as más condições de trabalho, pode não demorar ocorrer mais mortes!
É preciso que os gestores garantam, imediatamente, as condições dignas de trabalho, recrutamento, formação e treinamento de mão de obra, melhoria dos procedimentos de serviço (com a participação dos trabalhadores), retomada do programa de inspeção com pessoal próprio, manutenção, ensaios e testes em equipamentos, recomposição do SESMT com autonomia técnica para gestão e intervenção. Assim, teremos de fato a vida como inegociável, saúde e segurança, qualidade dos serviços prestados, confiabilidade no sistema e garantia de que a energia seja instrumento de desenvolvimento social e econômico.

Hoje, as atividades estão extremamente comprometidas pela precarização. Cito exemplos: Engenharia, Linha Viva, Faturamento, Linha de Transmissão, Geração, Telecomunicações, Subestação, (Transformação e Manobra); esta última sofre os impactos do descaso da decisão irresponsável que juntou TM ao PAM para, assim, evitar contratação de pessoal. Isso com um número considerável de instalações “amarradas a arame” e com o aumento desumano das distâncias e quilômetros rodados. Os resultados: adoecimento, acidentes e a morte do Gabriel Luciano.

A situação é tão caótica que, até hoje, a gestão não divulgou o relatório de análise de acidente com trabalhadores da SE Pai Joaquim, concluído em setembro. Com isso, a família e amigos do Gabriel Luciano sofrem, ea gestão mantém os eletricitários do PMO EA/EO em risco e adoecidos. Não foi aberta CAT e nem foram tomadas medidas de segurança para evitar mais acidentes.

Se, de fato, a vida, a saúde e a segurança são prioridades, é necessário que todos os responsáveis por essa gestão sejam substituídos. Fora todos esses que nos colocaram, mais uma vez, nessa situação! Nós escolhemos e temos o direito de viver.

Viva a vida, viva a dignidade e viva o trabalho saudável e seguro!

Assinado: um eletricitário, muito preocupado com a saúde e segurança

* Taxa de Gravidade de Acidentes (TG)

Taxa de Frequência de acidente (TF)

Taxa de Acidente com Afastamento(TFA)

A TF de toda a Cemig hoje é de 3,70

A TFA de toda Cemig, hoje, é 1,2

A TG da Cemig, hoje está em 338

 

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