Foi confirmado, na quarta (1), o terceiro óbito por Covid-19 em Minas Gerais. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, o homem tinha 44 anos, era morador do município de Mariana, região Central do estado, e o exame foi realizado pela Fundação Ezequiel Dias (Funed). Até o momento (01/04, segundo o informe epidemiológico, são 34.018 casos suspeitos, 314 casos confirmados e 45 óbitos estão em investigação.
A vítima, segundo informações do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), trabalhava como motorista em uma empresa prestadora de serviço para a Fundação Renova, instituição criada pela Samarco/Vale/BHP Billiton – após o crime cometido em Bento Rodrigues, em 2015 – para negociar as indenizações às famílias atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão.
Uma portaria emitida pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, inclui a mineração como atividade essencial durante a pandemia da covid-19. Em Mariana, portanto, as mineradoras Vale e Samarco (que pertence à Vale e à BHP Billiton) continuam a todo o vapor.
Segundo Letícia Oliveira, integrante do MAB e moradora de Mariana, os trabalhadores das mineradoras estão muito expostos à contaminação pelo coronavírus, por serem submetidos a situações de aglomeração, seja nos pontos de ônibus ou nos refeitórios das empresas. “As pessoas vão trabalhar, voltam pra casa e têm contato com a família e com outras pessoas das comunidades rurais, dos distritos. A gente sabe que ainda, em muitos desses lugares, mesmo com a orientação de isolamento, as pessoas transitam mais. E isso é sério, porque é muita gente do município que trabalha na mineração”, denuncia.
O Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM) também se posicionou, através de nota, sobre a manutenção da atividade minerária e o risco que correm os trabalhadores diretos e terceirizados. “Não podemos aceitar a irresponsabilidade da Vale e das demais mineradoras. As pessoas já estão morrendo pelo novo coronavírus. A não paralisação dos complexos minerários implica em um risco maior para toda a população das regiões mineradas” diz o texto.
Em comunicado, a Samarco afirma que a empresa adotou as práticas de home office e escalonamento de equipes para reduzir o fluxo de pessoas nas unidades, suspendeu as visitas e viagens internacionais, e intensificou as orientações sobre as medidas de prevenção, como higienização das mãos e limpeza das áreas e equipamentos. Na mesma direção, a Vale fechou postos de atendimento, suspendeu o transporte na região de Brumadinho, adotou o trabalho remoto para atividades administrativas e suspendeu viagens internacionais.
O secretário de Saúde de Mariana foi procurado pela reportagem, mas não retornou. Por meio de nota, a Fundação Renova confirma que o trabalhador pertencia à MCA Auditoria e Gerenciamento, prestadora de serviço na área de governança. Além disso, afirma que colocou as áreas administrativas em regime de home office, suspendeu os atendimentos nos escritórios e paralisou suas obras temporariamente, incluindo os trabalhos nos reassentamentos.
Fonte: CUT MInas e Brasil de Fato, por Larissa Costa