Representantes da Energisa e de parte do movimento sindical, com o apoio da Federação Mineira dos Urbanos, saíram derrotados da assembleia realizada com os eletricitários de Manhuaçu e região, no último dia 27 de março.
A tentativa de desmembrar a base territorial do Sindieletro foi derrotada pelo voto e os trabalhadores garantiram a representação do Sindieletro. Os eletricitários da Energisa denunciaram a pressão feita por representantes da empresa para aprovarem o desmembramento da base territorial do Sindieletro e a criação de um novo sindicato.
De acordo com a funcionária de uma biblioteca do Centro Cultural de Manhuaçu, onde a assembleia foi realizada, o local da reunião foi reservado em nome da Energisa, o que comprova o envolvimento da empresa na investida.
O Sindieletro compareceu em peso à reunião, não só para defender a sua base territorial, como para garantir uma representação forte para os eletricitários da Energisa, lutando com autonomia e com princípios éticos na defesa e na ampliação dos direitos dos trabalhadores.
Em tempos de ataque à classe trabalhadora, tanto no Congresso Nacional quanto na Cemig, Everson Tardeli, presidente da Federação dos Urbanos de Minas Gerais e diretor do Sindsul (presente na assembléia), mostra a que veio e qual modelo de sindicalismo defende. Ataques ao movimento sindical e social têm sido bem articulados pelos setores da direita em todo o país. Ao invés de contribuir para que os sindicatos se unam para o fortalecimento da classe trabalhadora, essas pessoas fazem o oposto. A pergunta que não pode calar é: a quem estão servindo essas pessoas?
Truculência
A participação do diretor de Negociações Coletivas e Terceirizados do Sindieletro, Celso Marcos Primo, e de um advogado do Sindicato, na assembléia que rejeitou o desmembramento, se deu através do enfrentamento e negociação com representantes da empresa e com a Polícia Militar. Porém, o advogado da Federação Mineira, Manoel Frederico, descumpriu o acordo com a PM e impediu que o diretor do Sindieletro se manifestasse na reunião.
O coordenador da assembleia tentou impedir que a votação fosse secreta, mas a maioria dos trabalhadores não concordou com o voto aberto.
Celso Primo aproveitou o momento para chamar a categoria à unidade no lugar da disputa. “Juntos, somos mais fortes” destacou.
A quem interessa o desmembramento?
No processo de representação dos trabalhadores da Energisa, o Sindieletro tem se posicionado de acordo com os princípios cutistas, com autonomia sindical e defendendo, sempre, a ampliação dos direitos trabalhistas.
Para o Sindieletro, preocupa muito a postura dura da Energisa na relação de trabalho e os baixos salários praticados. Mas o que nos deixa mais indignados é saber que existem, dentro da estrutura sindical, pessoas agindo através da Federação Mineira para fazer disputa territorial em busca de algum poder. Nesse episódio de Manhuaçu, não se importaram minimamente com os prejuízos que poderiam ser gerados para os trabalhadores.
Legitimidade para a luta
Celso Primo elogiou a garra e o empenho dos diretores do Sindicato e destacou que o dia 27 de março foi histórico para a luta dos eletricitários. “A vitória foi mais importante que ganhar uma eleição. Os trabalhadores entenderam o golpe que estava sendo tramado e, juntos, vencemos uma oposição inconsequente e oportunista e a vontade de uma minoria que sempre representou a empresa,” disse.
Para Celso Primo, o debate franco e aberto com os eletricitários foi fundamental para garantir uma representação legitima sem submissão às vontades da empresa. “Se o resultado da assembléia fosse outro, iríamos barrar essa falcatrua na Justiça, mas, o ‘não’ dado pelos trabalhadores na urna ainda ecoa pelas montanhas de Minas Gerais em três palavras fortes: Vida, trabalho, Dignidade”, avaliou Celso Primo.