Temos muitos motivos para entrar de cabeça nesta Campanha



Temos muitos motivos para entrar de cabeça nesta Campanha

Para o Sindieletro, todo cuidado é pouco na hora das negociações para renovação do nosso Acordo Coletivo de Trabalho (ACT 2014/2015). Em entrevista, o coordenador geral do Sindieletro, Jairo Nogueira Filho, avalia a realidade que se coloca para a nossa Campanha Salarial, destacando que o enfrentamento se dará, mais uma vez, com muita luta e bastante mobilização.

Chave Geral - O que os eletricitários podem esperar da renovação do ACT este ano?

Jairo – A palavra de ordem é intensificar a luta. Há muitos motivos para entrarmos de cabeça nesta Campanha Salarial. Temos uma gestão em fim de mandato, mas a Andrade Gutierrez vai continuar na empresa, onde o seu principal interesse é obter mais lucro e impor menos conquistas para os trabalhadores. O corpo gerencial da Cemig de hoje é todo voltado para garantir privilégios. A maioria dos gerentes e superintendentes tem privilégios na PLR, e os acionistas levam todo o lucro da Cemig.

CG – A Cemig só marcou a primeira reunião de negociação nesta semana, há mais de 30 dias após a entrega da pauta de reivindicações. Há no ar, mais uma vez, cheiro de enrolação?

Jairo – Foi marcada reunião de negociação no próximo dia 14, sexta-feira, às 10 horas. A única coisa que podemos afirmar é que foi agendada a reunião, não sabemos se vai ter negociação de fato. A pauta foi entregue no dia 10 de outubro e a primeira reunião foi agendada 35 dias depois da entrega. E novamente a empresa escalou uma consultoria paulista para a negociação. Ou seja, mais uma vez terceiriza a negociação. Perguntamos: qual o interesse? Quanto vai custar a consultoria? 100 mil, 200 mil reais?

CG – Este ano a categoria definiu uma pauta ampla e com reivindicações também por locais de trabalho. Ou seja, fez diferente de anos anteriores. Por que?

Jairo – As reivindicações refletem as demandas e expectativas dos eletricitários ao longo dos últimos 12 anos, que foram duramente frustradas pela direção da empresa. Uma direção que fez uma gestão de pessoal restrita e de ataques aos direitos dos trabalhadores. A participação da categoria, nas reuniões setoriais e assembleias foi fundamental para a construção de uma pauta que cobra, acima de tudo, a valorização e o respeito. Fizemos diferente porque também incluímos reivindicações por locais de trabalho, muitas delas demandas dos trabalhadores que há anos as gerências ignoram.Toda a nossa pauta é importante. Podemos conquistar aumento real justo e viável. Um novo PCR sem privilégios, mobilidade interna sem restrições gerenciais, fim das demissões aos 55 anos, mais contratação por concurso público, redução e flexibilização da jornada de trabalho e o fim definitivo da privatização da Cemig e Gasmig.

CG – Na sua avaliação, por que os gestores frustraram tanto as expectativas da categoria?

Jairo – Notamos que ao longo da última década os gestores e o RH da Cemig ficaram cada vez mais distante da categoria, porque só enxergaram na frente uma gestão pelo lucro, custe o que custar. Não temos há 12 anos uma política de RH para o trabalhador, mas contra o eletricitário, sem diálogo e sem transparência.

O RH desistiu do PCR e quer implantar um novo PCR este ano sem nenhum diálogo. Eles podem até inventar nome bonito para o novo PCR, mas sabemos que a cabeça dos gestores da empresa é fazer política restrita de pessoal. Mais um motivo para termos uma posição firme na campanha, inclusive com greve, se for preciso.

CG – Exemplos de medidas tomadas pela Cemig contra os trabalhadores têm muitos. Poderia citar alguns?

Jairo – A verba do PCR de 0,4% não foi aplicada em 2014. Reivindicamos na nossa pauta para que seja distribuída para todos os trabalhadores, mas a empresa, de forma unilateral e com desrespeito, quer distribuir para quem já foi contemplado anteriormente. A própria seleção interna é escabrosa, não existe transparência, não sabemos onde estão as vagas, quem pode participar. Onde não há transparência fica a impressão de que é jogo de cartas marcadas; além disso, no caso da seleção interna o que tem ficado para os trabalhadores é uma imensa frustração com a falta de expectativa e oportunidade de crescimento profissional. Outro exemplo: a questão da periculosidade. A posição da empresa em relação a esse adicional mostra que sempre atua contra os eletricitários. Nesta edição do Chave Geral está sendo publicada uma matéria sobre os técnicos de projeto. Em mais uma decisão unilateral, a empresa pretende retirar 80% dos técnicos do trabalho de campo. São 120 profissionais em todo o Estado. Retirando-os de campo a empresa acaba com a periculosidade deles. E já ouvimos falar que a Cemig pretende também tirar a periculosidade dos trabalhadores de outras áreas. É contra essas coisas, na essência, a retirada de direitos, que devemos reunir mais forças para ir à luta.

CG – A Nova sede da Cemig está prevista para ser inaugurada este ano e já se fala que há cheiro de mais centralização no ar. É isso mesmo?

Jairo – Sim, e eis mais outro motivo para ir à luta. A nova sede vai abrigar cerca de três mil trabalhadores. A atual sede vai continuar funcionando. Para nós, significa que a empresa pretende fazer uma centralização mais agressiva. De um lado a gente vê a Cemig realizando um saldão geral, vendas de prédios próprios, às pressas. A conseqüência? O fechamento de localidades e centralização. Nossa Campanha Salarial é o principal período que temos para nos mobilizar e conquistar. A luta contra a centralização também faz parte da nossa Campanha. O saldo de maldades e prejuízos para trabalhadores e consumidores é enorme. Não dá para assistir de camarote. Nós somos responsáveis por construir uma nova Cemig, essa responsabilidade é a luta.

CG – Outra reivindicação fundamental é o fim das demissões aos 55 anos. É uma luta de todos, não é?

Jairo – Sim. Muitos trabalhadores perguntaram ao Sindieletro se as demissões por idade vão parar. Por fim às demissões arbitrárias é nossa prioridade. Entendemos que é mais um grande motivo para a gente colocar mais força nas mobilizações. Pelo perfil dos atuais gestores, eles se sentem livres para fazer o que quiser, incluindo as demissões. Então, vamos para a luta!

Além do fim das demissões, cobramos a contratação imediata de 1.500 trabalhadores que passaram no último concurso público. O prazo de validade do concurso termina em fevereiro de 2015.

CG – O ACT específico da PLR termina este ano. É outra questão que exige mais mobilização. Qual a expectativa para a PLR?

Jairo - O Acordo da PLR é do período de 2013/2014, queremos negociar um novo acordo até março de 2015. Negociar um acordo melhor, com avanços. Nada virá de graça. Temos que conquistar também a PLR extra de R$6.400 para cada trabalhador.

CG - Concessões das usinas...outro pepino para resolver. Como é a atuação do Sindieletro em defesa das usinas?

Jairo – Esse é outro ponto para nos mobilizarmos ainda mais. Sempre defendemos que as usinas fiquem com a Cemig. A gente precisa resolver do ponto de vista dos trabalhadores. A empresa optou por não renovar suas 21 usinas e a gente está firme e forte para que todas essas usinas continuem na Cemig o mais rápido possível. Vamos, inclusive, realizar um seminário sobre a renovação das concessões em Uberlândia, entre o dia 21 ou 22 de novembro. Chamaremos os trabalhadores para esse debate.

CG – A Campanha se dá com o ACT 2012 ainda em discussão jurídica no TST, por culpa da Cemig. Qual a sua avaliação?

Jairo – A Cemig insiste em enfraquecer a organização sindical dos eletricitários. Depois da sentença ao dissídio coletivo do ACT 2012, a empresa não desiste de nos atacar, ao invés de pagar logo o que o Tribunal decidiu. Com recurso, a Cemig insiste em querer o fim da liberação e estabilidade dos dirigentes sindicais, demonstra não ter limites para as maldades e ataques à organização. Protela o aumento real de 3%, enquanto o correto seria chamar logo as entidades sindicais para acertar o pagamento, inclusive do retroativo, no salário e nos benefícios, como o vale-alimentação. A título de informe, o valor retroativo do aumento real deverá dar um salário para cada trabalhador. E vai ter impacto também na Forluz e na Cemig Saúde. Entendemos que os trabalhadores que saíram da empresa após novembro de 2012 terão que receber. Os novatos que chegaram a partir de novembro de 2012 também terão que receber, visto que a tabela salarial de admissão da época não foi atualizada com os 3%.

item-0
item-1
item-2
item-3