A CUPE – maior sindicato do setor público do Canadá – está exigindo que o Plano de Pensão Público do país abandone os planos para investir em um grande esquema de privatização da água no Brasil, especialmente na compra da CEDAE – Rio de Janeiro - e se junta à luta da FNU (Federação Nacional dos Urbanitários) e de seus sindicatos filiados contra a privatização do saneamento.
Na semana passada, a ISP – Internacional de Serviços Públicos – divulgou que mais de 266 milhões de dólares do fundo de pensão público do Canadá podem ser usados para privatizar a água e o saneamento no Brasil. “O Conselho de Investimentos do Fundo de Pensão Canadense (CPPIB, na sigla em inglês) está atualmente em processo de aquisição, pelo valor de 266 milhões de dólares, de 45% das ações de uma empresa brasileira de saneamento chamada Iguá Saneamento. A Iguá busca capital para poder participar da privatização e licitação dos serviços públicos de água no estado do Rio de Janeiro, marcada para 30 de abril”, diz a nota da ISP.
No último dia 16 de abril, o site da CUPE publicou: “O Conselho de Investimento do Plano de Pensão do Canadá está participando da venda massiva de infraestrutura pública liderada pelo presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, enquanto o país está sendo devastado pela COVID-19.
Os trabalhadores afetados estão pedindo solidariedade e apoio dos trabalhadores canadenses para ajudar a defender os serviços públicos de água.
‘É ultrajante que nosso plano de previdência pública esteja usando os fundos de aposentadoria dos trabalhadores para lucrar com a necessidade das pessoas por água potável e tratamento de esgoto seguro. Esses são direitos humanos essenciais para a sobrevivência. O acesso aos serviços de água já é frágil e desigual no Brasil. A privatização vai piorar as coisas e queremos que ela seja eliminada’, disse o presidente nacional do CUPE, Mark Hancock.
Os serviços de água e esgoto de propriedade e operação privada têm um histórico terrível. A privatização da água frequentemente vêm com taxas disparadas, acesso em queda, qualidade em declínio e cortes nos serviços e empregos. A Federação Nacional dos Trabalhadores Urbanos – FNU – que representa os trabalhadores da água no Rio de Janeiro, afirma que a privatização significará que milhares de trabalhadores perderão seus empregos.
‘O CUPE se opõe fortemente aos fundos de pensão que investem e lucram com infraestrutura privatizada. Queremos que nossos fundos de pensão tenham retornos decentes de investimento, mas não às custas dos trabalhadores e do público canadense, ou dos trabalhadores e residentes em outros países. A CPPIB deve se retirar desse plano prejudicial e arriscado de privatizações’, afirma o secretário-tesoureiro nacional do CUPE, Charles Fleury.
O ambiente político atual torna qualquer investimento em infraestrutura brasileira inerentemente arriscado. O leilão de serviços de água está acontecendo antes das eleições presidenciais de 2022, que podem anular a privatização. A FNU também está contestando o leilão na Justiça”.
Fonte: FNU/CUT