Sob ataque do governo e do TRE, Sindicato dialoga com a sociedade
A Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG), sindicatos CUTistas, entidades sindicais e dos movimentos sociais se uniram na manhã deste sábado (27) em ato de solidariedade ao Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG). Após concentração na Praça da Liberdade, local escolhido para protesto contra o cerceamento à liberdade de expressão e de ação política sindical que dirigentes do Sind-UTE, o próprio Sindicato, educadores e educadoras vêm sofrendo no Estado, milhares de manifestantes, com mordaças, saíram em marcha até a Praça Sete, Região Central de Belo Horizonte, onde o ato foi realizado com a interrupção do trânsito na avenida Afonso Pena. Durante toda a atividade, foram distribuídos panfletos com o documento “Quem fala a verdade não merece castigo”, assinado por mais de 100 entidades.
Por decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que atendeu a pedido da coligação liderada pelo PSDB, a campanha do Sind-UTE/MG sobre a educação em Minas Gerais foi suspensa. Sete dirigentes do Sindicato sofreram 19 processos, enquanto os veículos de comunicação estão proibidos de veicular as peças publicitárias da entidade, sob pena de multa de R$ 100 mil por veiculação. Dirigentes e Sindicato também estão sujeitos à multa.
“O Sind-UTE/MG e os educadores vêm sendo amordaçados pelo governo do Estado e pelo TRE e, por isso, lutadores do campo e da cidade se unem para dialogar com a população contra os desmandos e o descaso com a educação. Não vamos aceitar a criminalização dos movimentos sindical e sociais. Muito menos que um Sindicato como Sind-UTE seja oprimido quando cumpre seu papel de defender uma educação pública e de qualidade e, desta forma, teve coragem de denunciar para os mineiros que escolas funcionam em locais que eram motéis e postos de gasolina, que o governo deixou de investir R$ 8 bilhões em educação, não cumpre o investimento mínimo constitucional e não paga o piso salarial. Os educadores vêm denunciando isto há muito tempo. Nós temos organização e coragem. E estamos nas ruas para dizer: quem fala a verdade não merece castigo. Nos últimos 12 anos sentimos que em Minas Gerais não se respira liberdade, mas isto está prestes a acabar e nós não vamos nos calar”, disse Silvio Netto, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
“Nós queremos debater a educação, a saúde, a segurança pública, a energia, o transporte público. Chamamos a todos que queiram discutir e esta é a forma certa. Não aceitamos a criminalização, a judicialização, a repressão. Não é processando que se resolve os problemas. Estamos aqui para fazer um alerta a população, para que ela saiba como o governo trata com descaso a educação e ainda processa quem ousa falar a verdade”, declarou Jairo Nogueira Filho, secretário-geral da CUT-MG e coordenador-geral do Sindieletro-MG.
“Queremos dizer que a Praça Sete foi ao que nos restou para anos manifestar e dialogar com ao povo, já que nos tiraram dos jornais, das TVs, do rádio. Há anos que nós estamos sendo calados. O que escrevem os trabalhadores da imprensa que estão aqui é censurado nas redações, não vai para as páginas dos jornais. A mordaça foi imposta desde 2003. E trazemos para vocês, educadores, muita solidariedade e a nossa força. Mas como Chico Buarque disse em uma música, apesar de você amanhã há de ser outro dia. Na próxima semana, será outro dia. Minas voltará a respirar liberdade, os trabalhadores terão vez e a verdade sairá nos jornais”, afirmou Kerison Lopes, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG).
“Nós não podíamos deixar de estar aqui. Nós que vivemos a ditadura, agora nos espantamos com o que acontece em Minas Gerais em pleno estado de direito. Nos últimos 12 anos, denunciamos o desrespeito com trabalhadores e trabalhadoras e o sucateamento da saúde ano Estado. Quatro bilhões de reais deixaram de ser investidos na saúde, isto gerou uma ação do Ministério Público, hoje esquecida. E os ataques às entidades sindicais são constantes. E tentam calar os educadores com processos. Na quinta-feira, durante nossa assembleia, mostramos à população como está saúde em Minas em um telão. Um grupo do PSDB invadiu nossa assembleia e ameaçou quebrar o telão. A Polícia Militar precisou intervir. Parabenizamos a todos que participam do ato e também ao Sind-UTE, que vem há muitos anos lutando pela valorização de servidores e servidoras e por uma educação pública de qualidade”, afirmou Renato Barros, coordenador do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG).