A Odebrecht, Cemig e Andrade Gutierrez negociam na China a venda do controle da hidrelétrica Santo Antônio. Construída no rio Madeira, em Rondônia, a hidrelétrica é uma das cinco maiores do país, e terá capacidade instalada para gerar 3.568 MW quando todas as turbinas estiverem instaladas, o que está previsto para novembro.
Juntas, Odebrecht, Cemig e Andrade têm 51% da Madeira Energia S.A (MESA), sociedade que controla a hidrelétrica. O valor estimado da participação colocada à venda é de R$ 9 bilhões. A Odebrecht tem 28,6% da usina, dos quais uma participação direta de 18,6% e outros 10% por meio do Caixa FIP Amazônia Energia.
A participação da Cemig Geração e Transmissão é de 10%, enquanto a Andrade Gutierrez tem 12,4% por meio da SAAG Investimentos S.A. Segundo fontes ouvidas pelo Valor, um grupo de negociadores está na China esta semana negociando com estatais chinesas, entre elas a China Three Gorges (CTG) e a State Grid. Essa última é considerada a compradora mais provável, devido aos investimentos que já tem no país em transmissão de energia. Já a CTG se tornou a segunda maior geradora privada do Brasil, com 6 mil MW de capacidade instalada, atrás da Tractebel.
Em resposta ao Valor, a Odebrecht Energia confirmou a "existência de negociações com alguns grupos empresariais dentro de processo competitivo", informando que o objetivo é vender a participação de 28,6% na Santo Antônio Energia. A empresa também afirma que existem companhias chinesas entre os potenciais compradores, além de outros interessados.
"Atualmente, a Odebrecht Energia está em processo de assinatura com os interessados de acordo de confidencialidade (Non-Disclosure Agreement) referente às negociações. Todos os acionistas da Santo Antônio Energia já foram devidamente informados sobre o processo de venda", informou.
Também procurada, a Andrade Gutierrez informou que não iria comentar o assunto. A Cemig não respondeu ao pedido de comentário. Se concluída, a venda ajuda as tentativas da Eletrobras de se capitalizar para resolver seus problemas de caixa. Isso porque Furnas Centrais Elétricas tem 39% da usina e também pretende vender sua participação.
Como a Madeira Energia é uma empresa de capital aberto, uma fonte informou que a intenção de Furnas é aproveitar o negócio e também vender os seus 39% no momento seguinte à conclusão do negócio. Furnas tem o direito de "tag along", que obriga o comprador a estender aos demais acionista a mesma oferta ao grupo que vai vender o controle da usina.
A venda de participações nas grandes usinas da Amazônia é uma forma de as empresas contornarem as restrições de caixa. No mercado comenta-se que a Eletrobras também pretende vender suas participações nas hidrelétricas São Manoel e Teles Pires. Nesta última, Furnas e Eletrosul têm cada uma 24,5%.
Fonte: Valor Econômico