Sob nova direção



Sob nova direção

À frente de uma chapa com renovação superior a 50% e paridade de gênero, Beatriz Cerqueira foi reeleita no sábado (29) presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), para gestão 2015/2019, em votação que encerrou o segundo dia de atividades do 12º Congresso Estadual (12º Cecut), realizado no Hotel Ouro Minas, em Belo Horizonte, de 28 a 30 de agosto. O 12º Cecut terminou com aprovação do Plano de Lutas da Central.

“Quero agradecer a todos e, principalmente, aqueles que se despedem da direção, que contribuíram para que a CUT/MG desse um grande salto. A gestão que termina foi marcada pelo trabalho coletivo e a que eleita foi construída com uma renovação de mais de 50%, uma grande coragem”, afirmou Beatriz Cerqueira.

O diretor do Sindieletro Jairo Nogueira Filho foi reeleito para a Secretaria-geral e o diretor Gilmar de Souza Pinto foi eleito para a Secretaria de Formação. O diretor de Comunicação, Marcelo Correia, e coordenador geral do Sindieletro, Jefferson Leandro Teixeira da Silva, foram também eleitos, respectivamente, para a Diretoria Estadual e Conselho Fiscal.

Desafios da classe trabalhadora

Debates sobre “Os desafios da classe trabalhadora em Minas e no Brasil”, realizados por duas mesas, deram início ao segundo dia do 12º Congresso Estadual da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (12º Cecut). Os debatedores, além de apontar alternativas, enfatizaram a importância do lançamento da Frente Brasil Popular, dia 5 de setembro, durante Conferência em Belo Horizonte.

João Pedro Stedile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Vagner Freitas, presidente da CUT Nacional; e Juarez Guimarães fizeram análises de conjuntura e apresentaram propostas na atividade coordenada por Feliciana Saldanha, do Sind-UTE/MG, e Watoira Antônio de Oliveira, da CUT Regional Zona da Mata. Na segunda mesa, as palestras foram de Frederico Melo, da Subsede do Dieese da CUT; José Maria Rangel, da Federação Única dos Petroleiros (FUP), e o debate foi coordenado por Ana Cristina Nunes, da CUT Regional Zona da Mata, e Luís Sérgio dos Santos, da CUT Regional do Triângulo.

Para João Pedro Stédile, o primeiro desafio é a luta política em geral. “Tem que mudar a política econômica que só favorece os capitalistas e resulta em cortes nos orçamentos da educação e da saúde públicas. A classe trabalhadora tem que apresentar uma alternativa à política econômica, assim como seguir na luta em defesa da democracia e contra o golpismo. Outro desafio é na organização da juventude. Os jovens foram abandonados. Os sindicatos têm que retomar o trabalho de base, levar informações para eles, que são bombardeados todos os dias pela leitura burguesa. Precisamos fazer trabalho de base com os jovens da periferia.”
A formação, continuou João Pedro Stédile, também é fundamental. “É preciso retomar a formação política e ideológica, ficar atentos e buscar os líderes que estão despontando. O movimento sindical tem que formar novos líderes. Também é essencial construir os próprios meios de comunicação. Seja jornais, boletins, rádios comunitárias e até TVs, para chegar ao povo. Todos os espaços de comunicação têm que ser fortalecidos.”

“Me alegro em saber que a CUT e seus economistas estão preparando documento com uma política econômica, que será apresentado para orientar a nossa base. Vamos contribuir para mudança. Podemos mudar o quadrante da nossa história. A CUT também é promotora do processo de construção da Frente Brasil Popular, que vai ser lançada em Belo Horizonte, no dia 5 de setembro. Para mim, estamos vendo um reacenso das lutas de massa. E a Frente Brasil Popular vai ter desmembramento em outros Estados”, acrescentou o dirigente do MST.

“Nós somos muito fortes, somos muito grandes. Depois de uma fala minha sobre o golpismo, eu e minha família fomos vítimas de violência e intolerância. Tivemos que andar com uma escolta. O PSDB quer uma sindicância sobre a minha fala. Por que se preocupam tanto com a gente? Não nos toleram, é a luta de classes, a inveja. Como o Fernando Henrique Cardoso, um sociólogo todo-poderoso, pode ter sido superado por um metalúrgico e uma mulher? Mostraram que sabem governar melhor do que eles”, avaliou Vágner Freitas, presidente da CUT.

Segundo Vágner Freitas, a alternativa, quanto ao ajuste fiscal, é apresentar uma proposta da esquerda. “Temos que apontar uma solução. Chamar publicamente a responsabilidade de todos. Crise política se transforma em crise econômica. Isto já aconteceu em outros países em que a esquerda assumiu o governo. Temos que continuar nas ruas e com a esquerda brasileira unificada, com solidez e força para não perder as ruas. Não podemos ter duas frentes, dois polos. A esquerda não pode se equivocar, tem que apresentar uma proposta econômica”, analisou o presidente da CUT.

Vágner Freitas propôs, ainda, mais alianças. “Precisamos entender que há outros setores da sociedade que podem nos apoiar. Precisamos de setores produtivos, que não são golpistas, que podem se transformar numa trincheira contra o golpismo e contra a estagnação da economia. Incluir estes setores vai contribuir para que a classe trabalhadora seja protagonista de sua história. Sabemos que estamos agindo corretamente na conjuntura. Vamos implodir a Agenda Brasil do Renan (Renan Calheiros, presidente do Senado), que é neoliberal. Não podemos aceitar as agendas do Levy (Joaquim Levy, ministro da Fazenda) e do Renan. No dia 10 de setembro, vamos lançar as campanhas salariais das categorias que têm data-base no segundo semestre com uma grande paralisação”, acrescentou o presidente da CUT.

“A crise política, estimulada pela direita e pela mídia dos monopólios da comunicação, desencadeou a crise econômica, que parece interminável. Estão puxando a economia para trás, provocando uma recessão que deve durar dois anos. Isto não acontece desde 1930. As forças do Estado brasileiro estão sendo alavancadas para trás, para punir os trabalhadores. Um governo que se apoia nos movimentos sociais não pode adotar medidas como o ajuste fiscal. A CUT, se não se posicionasse contra esta política, poderia ser destruída”, afirmou Juarez Guimarães.

Segundo ele, o primeiro desafio é estratégico. “Não há como impor uma política econômica de esquerda com a política do Banco Central. Tem que tirar os neoliberais do comando do Banco Central, que controla o câmbio e a dívida pública. É uma casamata neoliberal.” Juarez Guimarães apontou como outro desafio ampliar o grau de enfrentamento com os neoliberais para sair da crise. “Setores médicos, de segurança pública e parte da burguesia podem ser atraídos e ser mobilizados. O governo é de contradição e, por isso, ficou refém das políticas neoconservadoras. Os atos do dia 20 de agosto (em defesa da Democracia e contra o Golpismo) nos deram uma esperança, mas há muito caminho a ser percorrido. A Frente Brasil Popular pode atrair outros setores progressistas”, disse Juarez Guimarães.

“O Congresso da CUT/MG abriu o semestre com a perspectiva de se apontar alternativas de esquerda para a economia. Não basta apenas gritar ‘Fora Levy’, é preciso apresentar programa, construir a narrativa. Além disso, tem que mexer na estrutura tributária. Já disseram que, se não houver mais investimentos para a saúde, no ano que vem acontecerá um massacre no Sistema Único de Saúde (SUS). Os médicos terão que escolher quem vai viver”, analisou Juarez Guimarães.

Fonte: CUT MG

item-0
item-1
item-2
item-3