Sob botas



Sob botas

São Gabriel não existe mais. Somos coagidos a nem ir lá. Será que existiu mesmo? Um lugar com mais de 100 trabalhadores que existia para diminuir a distância entre a empresa e seus clientes, de uma hora para outra passou a ser apenas um ativo para incrementar o caixa da empresa. Estou reclamando de quê? Afinal, ainda estou empregado! Verdade... um escravo deveria se contentar com o prato de comida que recebia. Mesma coisa.

Que importa ter que acordar mais cedo para enfrentar o trânsito até um local mais longe e perigoso que o São Gabriel? Que diferença faz pegar o micro-ônibus da empresa e passar mais da metade do trecho em pé, pois o mesmo está lotado?

Como lidar com o esfacelamento das amizades, já que agora, os colegas de trabalho têm horários diferentes, estão em micro salas apertadas e separadas ou estão tão desorientados quanto eu? Como calcular o tempo de retorno a essa nova base, levando em conta o congestionamento que antes não tínhamos?

Como fazer para chegar menos cansado em casa? Se existo, tenho direito de resistir às botas que querem me sufocar.

Eduardo Pereira de Almeida Jr. Diretor de Base do Sindieletro no São Gabriel,  agora transferido para o Anel Rodoviário

 

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