A categoria metroviária de Belo Horizonte, funcionários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU/MG), iniciou na quarta (14) uma greve total, até que se resolvam os infortúnios a que está submetida desde quando o governo resolveu privatizar a empresa.
Duas coisas são fundamentais nesta luta: 1. A manutenção do emprego de aproximadamente 1.600 trabalhadores concursados na empresa. 2. A suspensão do leilão de privatização marcado para o dia 22 de dezembro.
Desde o ano passado a tarifa do metrô começou a ter aumentos sequenciais que resultaram no valor que estão hoje, R$4,50. O valor foi de R$1,80 por vários anos porque os governos e a população sempre tiveram o entendimento de que o metrô existia para cumprir um benefício público: a mobilidade urbana que consta na Constituição Federal.
Os constantes aumentos, quase se equiparando com o péssimo serviço prestado pelas empresas privadas de transporte coletivo rodoviário, se deram a partir do momento em que o governo federal decidiu que privatizaria a empresa com a justificativa de que dava prejuízos e que deveria passá-la ao setor privado que visa lucros.
Mas, em lugar nenhum do mundo o transporte metroviário se sustenta com o valor arrecadado pelas passagens; onde foi privatizado, os governos providenciam com o dinheiro público subsídios (uma bolsa empresário) para manter os lucros de seus novos donos.
Grandes mentiras
O metrô de Belo Horizonte opera há mais de 30 anos com poucos investimentos, e a história contada à população é de que só haverá melhorias, como a expansão, se ele for privatizado. Esta é uma mentira, pois os novos proprietários, se fizerem melhorias, será com dinheiro público já separado pelo governo com este objetivo. Investimentos no modal metroviário demandam valores altíssimos que a iniciativa privada não faria se não for com o dinheiro dos impostos pagos pelos brasileiros. Esse dinheiro do povo que está para ser colocado na conta de uma empresa privada deveria ser usado para fazer a sua expansão e mantê-lo estatal.
Outra grande mentira conta que tudo que é público é ruim. A verdade é que os hospitais públicos são os melhores e só o SUS consegue atender a maioria da população, sobretudo a classe trabalhadora com salários muitos baixos ou desempregada.
Os melhores cursos universitários e técnicos estão nas Universidades Públicas e nos Institutos Federais e estaduais. A água fornecida à população é de uma empresa pública. A energia elétrica também... Tudo isso foi construído pelos trabalhadores e com dinheiro dos impostos pagos por eles também. O que vem acontecendo ao longo dos anos é falta de investimentos e até cortes nestes setores.
É mentira que funcionário público faz o que bem entende e não trabalha com dedicação. Os funcionários públicos têm códigos de condutas em todos os departamentos e qualquer coisa sofrem com Processos Administrativos e podem ser até exonerados. O metrô de Belo Horizonte não teve nenhum acidente grave nestes anos todos devido ao profissionalismo dos trabalhadores, que, com unhas e dentes lutaram diante da falta de investimentos.
É mentira também que funcionários públicos gostam de fazer greve. Na verdade, ninguém gosta porque atrapalha a vida de todos e existem cortes de salários e perseguições, apesar de existir direito de greve no Brasil. Os trabalhadores só fazem greve como último recurso e apelo para que as autoridades vejam as suas condições de prestação de serviços.
A luta contra a privatização é de todos
O metrô está para ser entregue por um valor irrisório de aproximadamente 19 milhões, quando o seu patrimônio já foi avaliado pelo BNDES em mais de 900 milhões. Portanto, seria praticamente uma doação. Isso é uma completamente irresponsabilidade com os bens públicos que servem à população.
Os metroviários não têm uma luta limitada em torno de seus interesses de categoria ou de indivíduos. Foi a categoria que deveria ter parado, mas não parou diante da pandemia, tentando atender a população e outros trabalhadores essenciais que não podiam interromper seu trabalho ou fazê-lo desde casa.
Os metroviários vêem o metrô como um serviço de utilidade pública para o deslocamento da população garantindo seu direito de ir e vir e a rigor ele deveria ser mesmo gratuito, a exemplo do que já acontece em dezenas de cidades pelo mundo afora.
Os metroviários sempre atenderam a população com o máximo de respeito, conduzindo seus passageiros com segurança em um transporte limpo, silencioso e confortável. O metrô é o meio de transporte mais viável para as grandes cidades que estão com seu trânsito um caos, engarrafamentos enormes e altos preços dos combustíveis.
A greve dos metroviários é um transtorno, mas foi feita diante da impossibilidade de qualquer conversa com o governo que nunca atendeu a categoria. Por isso, pedimos o apoio da população para que isso termine logo; contacte os deputados e senadores em que você votou e peça a suspensão do leilão marcado para o dia 22 de dezembro deste ano. Se isso acontecer a greve termina e vamos sentar para negociar.
Fonte: Sindimetro MG