Sindieletro, presente! Campanha contra Privatizações



Sindieletro, presente! Campanha contra Privatizações

Na segunda-feira (27), a Central Única dos Trabalhadores (CUT/MG) lançou a Campanha em Defesa dos Serviços Públicos e Contra as Privatizações, em coletiva de imprensa na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A mobilização vem como resposta aos ataques que diferentes setores do serviço público estão sofrendo com a iminência da privatização. Na ocasião, os representantes de cada categoria presente – CUT Minas, Sind-UTE, Sind-Saúde, Sindipetro, Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região e o Sindieletro, entre outros – apresentaram um balanço da situação.

O coordenador geral do Sindieletro, Jefferson Silva, explicou o panorama atual do leilão das quatro usinas da Cemig: “O governo federal agendou a venda para setembro. Nosso desafio é evitar o sucateamento, já que quando se diminui a manutenção e o custo operacional, a geração de energia é precarizada e esta conta vai chegar ao consumidor”, disse.

Jefferson também alertou para a ironia dos investidores com maior potencial de compra, os chineses: “Recepcionamos investidores italianos, franceses e chineses durante nosso acampamento em São Simão, de 19 a 25 de agosto. O irônico é que os chineses que pretendem comprar a usina são de uma estatal daquele país. Essa é uma tendência mundial: na Alemanha, na França e na Inglaterra não haverá carro movido a combustível fósseo a partir de 2040, serão apenas elétricos. Será uma nova demanda mundial”, explicou.

O coordenador também avisou que as quatro usinas são a ponta do iceberg: “Precisamos evitar a privatização da Eletrobras, pois a Cemig não consegue ser uma ilha de uma estatal do setor elétrico na atual conjuntura. Se o setor elétrico nacional for privatizado, vai estar, obviamente, cedendo ao capital especulativo e ao rentista estrangeiro, e não é isso que queremos”.

Por fim, o coordenador geral do Sindieletro alertou que as justificativas sobre o valor de outorga das usinas (R$11 bilhões), que esse preço é necessário para suprir a dívida da União, avaliada em R$188 bi, são equivocadas, uma vez que o próprio governo federal está isentando financeiramente banqueiros e empresários. “Segundo o João Pedro Stédile, após a delação de Joesley Batista, mais de R$104 bilhões foram isentados em tributos. Nós não vamos pagar essa conta”, finalizou.

Representantes sindicais denunciam o caos

A presidente da CUT/MG e do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Beatriz Cerqueira, pontuou a necessidade de tornar a luta contra a privatização algo coletivo. “Como é muito grave, não podemos deixar que cada setor faça sua luta individual. A ideia é que possamos fazer uma atividade em rede para que a população compreenda que quando algo é privatizado, vai ficar pior”. Ela também acrescentou que a mobilização começa entre os sindicatos cutistas, mas é uma campanha que deve ser ampliada.

A coordenadora geral do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino (Sindifes), Cristina Del Papa, avisou que campus poderão ser fechados ainda neste ano: “São 11 universidades, cinco institutos federais e um Cefet em Belo Horizonte. Destas instituições, a maioria está com problemas por causa de cortes desde 2014. Sou lotada na UFMG. Tínhamos um orçamento de R$178 milhões e em 2017 apenas R$130 mi foram repassados. Se o recurso não chegar, não chegaremos ao final do ano”, explicou.

Robson Gomes Silva, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios e Telégrafos e Similares de Minas Gerais (Sintect-MG), frisou a importância dos Correios em políticas públicas essenciais: “As pessoas só pensam nos Correios quando chega a carta. Mas se perguntem: como o ano letivo começa ao mesmo tempo em todos os Estados do Brasil? O correio entrega o livro didático, por exemplo. É direito constitucional que a qualidade do serviço seja igual em Belo Horizonte e no Amazonas. Com a privatização, não se pode garantir isso, assim como a inviolabilidade das correspondências também não pode ser garantida”.

Alexandre Finamori, do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro/MG), falou de forma sucinta: “Estamos sofrendo uma retração do posto ao poste. Petróleo, termoelétricas, biodiesel. Estamos abrindo mão desse público não por fins econômicos, mas por um ideal. Pra quê e pra quem?”.

Silvio Neto, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), avisou que o golpe está cumprindo seu papel. “Fica muito claro que o golpe não foi apenas o que já sabíamos. Fica muito claro pelos relatos de diversos sindicatos daqui: o golpe é um conjunto de ações que pretende retirar diretos do povo brasileiro, e não há outro meio de superar isso a não ser essa aliança de luta”.

Como representante do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira também manifestou sua solidariedade em relação à professora Marcia Friggi, que foi agredida com um soco por um aluno da rede municipal no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. “Toda a imprensa deu forte repercussão ao caso, pois ela teve coragem de falar sobre a violência que sofreu. No dia a dia do professor, isso é comum, e somos instados a não denunciar”, disse ela.

Bia também contou que um levantamento feito pelo sindicato, que será publicado em outubro, apurou que 43,8% dos profissionais da rede estadual de Minas Gerais já sofreram algum tipo de violência. Com a terceirização, a proteção aos professores e aos seus direitos deve piorar: “A terceirização irrestrita e a reforma trabalhista fará com que deixemos de ser funcionários de carreira, com data base e nossos direitos. Seremos pessoas jurídicas, PJ, se quaisquer chances de discussão sobre condição de trabalho”.

Sobre a agenda de lutas unificadas, Beatriz Cerqueira informou que no dia 7 de setembro haverá o Grito dos Excluídos. No dia 12, às 15h30, haverá mobilização em defesa das instituições federai de ensino. No dia 14, haverá mobilização nacional para vários ramos, em defesa dos serviços públicos – Petrobras, Correios, elétricas, etc. No dia 20 de setembro, haverá greve dos Correios.

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