A Secretaria de Saúde do Trabalhador do Sindieletro está retomando o atendimento clínico e ampliando as suas atividades. O ex-coordenador do Sindieletro na Regional Mantiqueira, Gilmar de Souza Pinto, é o novo responsável pela pasta. Laís Di Bella, mestre em Psicologia do Trabalho e professora do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Ouro Preto, é a nova assessora de Saúde do Trabalhador.
Neste momento a Secretaria está realizando o mapeamento dos acidentes - só este ano quatro eletricitários perderam a vida quando prestavam serviço para a Cemig- e do adoecimento dos eletricitários para o constante planejamento das ações. “Sabemos que há um número enorme de afastamentos e readaptações na Cemig, seja por problemas ergonômicos, psíquicos ou outros, mas se nem a estatal tem a exatidão desses números, imaginem nas empreiteiras, onde a as subnotificações são comuns?”, questiona o diretor Gilmar Souza Pinto.
Gilmar afirma que, por causa da terceirização, a Cemig perdeu o controle da situação e não tem a dimensão do quanto o processo de trabalho que mantém seu sistema elétrico funcionando é prejudicial para a vida e a saúde dos eletricitários. “É por isso que, na mesa de negociação, o Sindieletro insiste em participar da apuração de acidentes e das cipas das empreiteiras”, explica.
Para o diretor, a categoria terá que se empenhar nesta luta uma vez que as empreiteiras, sabendo da precarização das condições de trabalho, fazem de tudo para barrar a presença do Sindicato. Recentemente, o Sindieletro teve que fazer um Boletim de Ocorrência devido impedimento da participação de um diretor do Sindicato na apuração de um acidente que atingiu trabalhador da Encel que atuava nas redes subterrâneas da Cemig.“Infelizmente essa postura por parte das empreiteiras é comum porque elas sabem da extensão da precarização imposta aos trabalhadores”, diz o dirigente lembrando que o que adoece não é o trabalho, “mas, o processo de trabalho”.
Acompanhamento
Laís e a estagiária em Psicologia, graduanda da UFMG, Julie Amaral, acompanham a readaptação de trabalhadores retirados das atividades de risco arbitrariamente pela Cemig. “Esses eletricitários estão tendo perdas financeiras e também psíquicas, uma vez que são tirados do trabalho na rede elétrica para a função administrativa”, avalia Laís Di Bella.
Segundo a especialista, é preciso considerar que o adoecimento mental pode retroalimentar acidentes e doenças profissionais, atuando “como causas e consequências que deixam o trabalhador fragilizado”, explica Laís. Ela destaca que o colega eletricitário que convive com as perdas e vive o luto pelo companheiro de trabalho morto em acidente também sofre com as consequências dessas tragédias dentro do setor eletricitário.
Memória e formação
A organização do banco de dados que está sendo feita pela Secretaria deve ajudar a preservar a memória da saúde e segurança dos eletricitários. “A ideia é que, daqui a alguns meses, esse acervo formado por fotos, documentos e acordos coletivos possa ser acessado pelos trabalhadores e até por outros profissionais, pesquisadores e entidades”, explica Julie. “Organizar a história dos acidentes e dos adoecimentos no setor eletricitário ajudará no desafio de evitar que essas histórias se repitam”, reforça Laís.
As profissionais também atuarão com formação, com proposta de cursos sobre Cipas, NRs e de análises de acidentes além de atuar nas atividades do Pacto pela Saúde e Segurança e promover novas parcerias institucionais como com universidades.
Ouvidos abertos
As profissionais da Secretaria realizam o atendimento psicológico de eletricitários toda sexta-feira, de 13h às 17h, na Sede do Sindieletro, em Belo Horizonte. Os interessados deverão agendar horário através do email saude@sindieletromg.org.br ou pelo telefone (31) 32385018, às quintas-feiras de 9h às 17h.