Movimentos sociais, associações, sindicatos e outras instituições se reuniram na terça-feira (7), em Belo Horizonte, com o prefeito Alexandre Kalil (PHS). As entidades apresentaram um manifesto que pede a manutenção do isolamento social na capital mineira e solicita o fortalecimento de demais ações de combate ao coronavírus.
De acordo com dados da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) liberados na tarde da segunda-feira (6), a capital mineira já tem 91% dos leitos de UTI ocupados. Na última sexta-feira (3) eram 87%. Os leitos de enfermaria estão com 72% de lotação e na sexta (3) beiravam os 67%. A situação é registrada mesmo após a ampliação de leitos.
Um dos principais hospitais públicos da capital, o João XXIII, confirmou surto de contaminação em um andar do prédio, com mais de 10 pessoas com resultado positivo para covid-19. Entre elas, dois funcionários da unidade. A Santa Casa, também um hospital público, chegou a 100% de lotação das UTIs e tem trabalhadores infectados.
A audiência com o Executivo municipal contou com a presença das mais de 50 entidades do estado que assinam o manifesto. Lá estava a direção do Sindieletro.
O que querem os movimentos
A alta nos casos da doença em BH assusta dia após dia desde o início do processo de reabertura do comércio, em 25 de maio. O aumento das infecções fez com que Kalil recuasse e determinasse o fechamento das atividades não essenciais na cidade – situação em que os belo-horizontinos se encontram hoje.
De acordo com Bruno Pedralva, do Conselho Municipal de Saúde, a pauta do fechamento total (lockdown) será abordada, além de reivindicações como mais segurança para os trabalhadores e trabalhadoras, mais testes e abertura de mais leitos para a população.
Os movimentos são unânimes quanto à abertura do comércio: agora não é a hora e há muita coisa a ser feita antes.
“Nós estamos nessa luta pela vida desde o início da pandemia e nos causou uma estranheza a abertura do comércio aqui. Na época, concluímos que era um risco muito grande, já que as pessoas podiam sentir que havia uma normalidade na rotina e que não tinha mais necessidade de proteção. Vimos que estávamos certos, e hoje está aí esse estouro no número de contaminações. Acredito que a PBH tenha sofrido uma grande pressão do governo federal, assim como outros municípios, já que o comércio reabriu em diversas localidades quase ao mesmo tempo”, declara o presidente da Central Única de Trabalhadores em Minas (CUT-MG), Jairo Nogueira, também diretor do Sindieletro.
Confira a lista completa de reivindicações:
1) Apoio às medidas mais contundentes de isolamento social como forma de prevenção à expansão da Covid-19 em BH, conforme critérios técnicos definidos pelo Comitê de Enfrentamento da PBH, inclusive ao “lockdown”, se necessário.
2) Fortalecer medidas de combate à fome, miséria e desemprego para garantir os direitos humanos fundamentais;
3) Ampliar ao máximo o número de leitos de enfermaria e CTI disponíveis à população de Belo Horizonte para que pessoas não morram sem assistência adequada;
4) Garantir proteção à saúde às trabalhadoras e trabalhadores da saúde e condições adequadas de trabalho, considerando que compõe a linha de frente no combate à covid-19;
5) Articular ações para proteção à saúde das trabalhadoras e trabalhadores dos serviços essenciais de Belo Horizonte, em especial nos seus locais de trabalho e no transporte público;
6) Ampliar a testagem para todas pessoas com suspeita de infecção pela covid-19 para um diagnóstico mais preciso da situação de saúde das pessoas, comunidades e da população de BH;
7) Instituir medidas para uso obrigatório de máscaras de proteção em espaços públicos, no transporte coletivo e estabelecimentos comerciais, industriais e de serviços, mesmo diante dos vetos do presidente Bolsonaro à Lei Federal 14.019/2020, que exclui a obrigatoriedade em órgãos e entidades públicas e em estabelecimentos comerciais, industriais, templos religiosos, instituições de ensino e demais locais fechados em que haja reunião de pessoas.
8) Atualizar de modo permanente os protocolos e as orientações técnicas para abordagem às pessoas com a COVID 19 e a própria doença, sempre amparados nas melhores evidências científicas disponíveis, dentro dos diversos serviços de saúde da cidade.
Lista de Entidades que assim o documento e participam do encontro com a prefeitura:
ABJD; ABMMDD; ADUEMG; AMMFC; AMPLIE; Andes; APG; APUBH; Arquidiocese de BH; Asthemg; Coletivo Não Passará; Conselho Estadual de Saúde; Conselho Municipal de Saúde/BH; Consulta Popular; CTB; CUT; DCE/UFMG; DCE/UNA; Fasubra; Fetaemg; Fórum Mineiro de Saúde Mental; Frente Brasil Popular; Levante Popular da Juventude; Movimento de Trabalhadores por Direitos MTD; Movimento de Mulheres Nasce Leonina; Psind/MG; Rede de Médicas e Médicos Populares; SBPC; SEC/BH; Sindados/MG; Sindágua/MG; Sindecon/MG; Sindibel; Sindicato dos Advogados; Sindicato dos Aeroviários de Minas Gerais; Sindicato dos Jornalistas; Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de BH, Lagoa Santa, Nova Lima, Raposos, Ribeirão das Neves, Sabará e Sete Lagoas; Sindieletro/MG; Sindifes; Sindimetal; Sindimetro; Sindipetro/MG; Sind-Rede/BH; Sind-UTE/MG; Sindmed; Sindofe; Sindpros; Sinpospetro/BH; Sinpro; Sintect; Sintesemg/MG; UCMG; UEE/MG; UNE.
Fonte: CUT Minas