Sindieletro: 72 anos de luta incansável



Sindieletro: 72 anos de luta incansável

25 de julho de 1951: O Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais foi fundado no mesmo ano no qual o então governador do Estado, Juscelino Kubitschek, anunciava a construção da Cemig.


Anos 50:

Marcados pela revolta com as más condições de trabalho, baixos salários, pressões e retaliações dos gestores da Cemig e da Força e Luz. As grandes lutas da categoria eletricitária em Minas eram por reposição salarial diante da inflação alta, um plano de carreiras e um plano de previdência social eficiente.

O Sindicato também já atuava na formação dos trabalhadores: cursos de cultura operária, aulas de português, aritmética e geografia econômica.

 

Anos 60:

Houve intervenção, prisões e tortura de lideranças brasileiras de esquerda e de dirigentes sindicais pela ditadura militar. O Sindieletro sofreu intervenção e o presidente da entidade à época, Delmyr Villela, perseguido pelos militares, ficou foragido por nove anos, perdendo seu emprego na Cemig por fazer a luta classista e combativa. Na vice-presidência do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), participou da condução dos três congressos sindicais que definiram a mobilização pela reforma agrária, em defesa da liberdade e autonomia sindicais, pela nacionalização dos bancos e combate à carestia como pontos centrais para luta da classe trabalhadora. Somente em 1966 voltamos a atuar com uma diretoria sindical.

 

Anos 70:

Conquistamos a gratificação de dois salários a mais no ano, chamada Maria Rosa. Ainda na ditadura, denunciávamos a exploração dos trabalhadores, os baixos salários e os índices alarmantes de acidentes de trabalho. Participamos da greve dos trabalhadores metalúrgicos do ABC paulista, compreendendo que essa luta era capaz de enfrentar o regime militar. Essa luta marca o novo sindicalismo e a presença dos sindicalistas na constituinte de 88 que garantiu direitos trabalhistas e o reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho.

Em 1978, lançamos a campanha pelo adicional de periculosidade de 30%. A conquista se concretizou nos anos 90, por intermédio da Justiça do Trabalho.

 

Anos 80: 

O Sindieletro se filia à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Foi realizada a primeira greve da categoria eletricitária da Cemig, em 1987, reivindicando principalmente a implantação de um plano de carreira e salários. A segunda greve contou com a adesão de 90% dos trabalhadores.

Muitas conquistas vieram: anuênio, equiparação salarial dos eletricistas da capital e do interior, creches para filhos de até seis anos de eletricitárias, tíquete-alimentação, participação de representantes dos trabalhadores no fundo de pensão e no plano de saúde e instalação de comissões sindicais de base nos locais de trabalho, entre outras conquistas.

 

Anos 90:

O enfrentamento à “ditadura de mercado”. A principal pauta era a luta contra a privatização, como segue até os dias atuais. Para sistematizar a luta, o Sindieletro cria sete regionais, uma na capital e as demais no interior. Em 1995, diretores do Sindieletro protagonizaram um feito histórico: uma greve de fome de seis dias pela conquista da Participação nos Lucros e Resultados da Cemig (PLR). Greve vitoriosa, PLR conquistada.

 

2000:

A luta dos eletricitários de Minas se intensifica contra a precarização do trabalho, terceirizações indiscriminadas, demissões, fechamento de agências, eliminação dos leituristas do quadro próprio e mais investidas pela privatização da Cemig.

Sindieletro negocia o envio da PEC 50 à ALMG, instituindo a necessidade de quórum especial de três quintos dos votos dos deputados para a autorização da privatização da Cemig. Posteriormente, também foi instituída a realização de referendo popular. O Sindieletro também conquistou um novo projeto, incluindo as subsidiárias da Cemig e da Copasa às normas da PEC 50. Os dois projetos foram aprovados e são cláusulas da Constituição Mineira.

 

2010:

Mobilizações contra a precarização dos serviços e as investidas pela privatização.

Em 2013, realizamos greve para garantir o pacto de saúde e segurança na renovação do ACT daquele ano.

Em 2014, o governo do Estado tentou privatizar a Gasmig, subsidiária da Cemig, com a PEC 68. Os eletricitários se mobilizaram e a vitória foi nossa: proposta arquivada.

Já em 2015, os eletricitários realizaram uma greve histórica de 54 dias, impedindo retrocessos na renovação do Acordo Coletivo de Trabalho.Em 2016, com o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e Michel Temer no governo, a ameaça de privatização de usinas da Cemig veio a todo vapor.

 

2018 – 2022:

Em 2018 o Brasil deu uma guinada neoliberal, elegendo um governo violento e insensível às mazelas da população. Com Jair Bolsonaro no Planalto e Romeu Zema em Minas Gerais, a luta contra as privatizações se intensificou, sobretudo na defesa da Cemig pública.

O método da gestão atual na Cemig é precarizar para oferecer a empresa ao mercado. Derrotamos o projeto privatista de Zema em seu primeiro mandato. Foram duas tentativas de apresentação do projeto para a ALMG no primeiro semestre de 2019. Depois, mais duas investidas através do Regime de Recuperação Fiscal, no segundo semestre de 2019 e em fevereiro de 2021. A nossa luta também garante a CPI da Cemig na ALMG, que expõe uma série de irregularidades na gestão Zema na estatal.

A nossa vitória se dá pela luta do Sindieletro junto ao movimento social e aos parlamentares que conseguiram barrar a discussão da privatização. Reeleito em 2022, Zema segue com seu plano privatista: a Forluz e a Cemig Saúde, fundo de pensão e plano de saúde dos trabalhadores respectivamente, sofrem com ataques que ferem, principalmente, os trabalhadores aposentados. Até o momento, o Sindieletro tem obtido sucessivas vitórias judiciais que mantêm os direitos dos aposentados, mas a luta é contínua.

 

2023:

Vivemos um assombroso momento de acidentes quase semanais na categoria eletricitária. No último mês, dois deles foram fatais. Nossa pauta prioritária é a saúde e segurança dos eletricitários. Para isso, é necessário muita união e diálogo entre a categoria. Estamos juntos para fazer da Cemig e de todas as empresas do setor energético ambientes propícios para o trabalho seguro. Seguimos trabalhando para manter as conquistas dos trabalhadores e barrar as tentativas de privatização do patrimônio mineiro.

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