Sindicatos se unem e fortalecem movimento contra as privatizações



Sindicatos se unem e fortalecem movimento contra as privatizações

Na noite de 17 de abril, logo após o anúncio do governo federal sobre a privatização das refinarias da Petrobras, representantes sindicais de várias entidades se reuniram na portaria da Regap, em Betim, para uma mobilização surpresa. Em debate, os prejuízos que essa ameaça representa para o setor energético e para o país.

A ação, realizada na troca de turno, foi a primeira do coletivo de sindicalistas das estatais. A ideia de criar o grupo surgiu durante a atividade “Semana do Pensamento Crítico”, realizada na Escola Sindical, que reuniu entidades que representam os petroleiros, metalúrgicos, eletricitários e servidores públicos.

Durante o encontro, foi debatido o projeto político das privatizações e analisado o caso da tentativa de privatização do Ceasa, apresentado pela entidade que representa os servidores públicos (Sindsep).

A entrega do Centro de Abastecimento de Minas Gerais ao setor privado pode gerar impactos negativos para a economia e a sociedade, sobretudo para a agricultura familiar.

A primeira reunião dos dirigentes sindicais de empresas estatais foi realizada no dia 16 de abril com a participação do ex-coordenador geral do Sinttel-MG, Pedro Jaime Ziller de Araújo. O dirigente presidia a entidade à época da privatização do setor de telecomunicações no Brasil, iniciada nos anos 1990.

Ziller apresentou números e dados alarmantes sobre os resultados da entrega, como a perda do lucro e do conhecimento tecnológico, além da evasão de divisas. Enquanto o INPC/IPCA variou cerca de 250%, desde  a  privatização, a tarifa telefônica cresceu 430% no país. “Ficou mais fácil obter um telefone no nosso país, mas desde que a pessoa esteja disposta a pagar a maior tarifa do mundo”, alerta Pedro. Além da tarifa abusiva, as regiões de menor renda são as que sofrem mais com o mau atendimento.

A privatização também provocou a redução drástica dos empregos qualificados nas empresas de telefonia e a terceirização generalizada provocou significativas per- das salariais e de benefícios.

Segundo o líder sindical, os trabalhadores do setor “que ouviram o canto da sereia e defenderam a privatização acreditando na ampliação de mercado de trabalho e nos ganhos pessoais, precisaram de menos de três anos para perceber o tombo que levaram”. Pedro  Jaime  lembrou  que, ao fim, a privatização tornou um serviço público de qualidade, gerador de tecnologia, alavancador da indústria e de empregos, em negócio de especulação financeira.

União: multiplicando a reação

 

O diretor do Sindipetro e da Federação Única dos  Petroleiros (FUP), Alexandre Finamori, considerou o ato na Regap muito importante para mostrar que os trabalhadores não estão sozinhos. “Foi uma injeção de ânimo para enfrentar um problema que não é da Petrobras, nem da Copasa ou da Cemig, mas de todos. Nosso inimigo não é o gerente ou o superintendente, mas o capital internacional. Com ações coletivas, o trabalhador se sente menos impotente e ganha uma força a mais para enfrentar esta batalha”.

Pedro Jaime também reforça a importância de ampliar conjuntamente as informações e fortalecer a luta contra a venda das estatais. “A briga contra a privatização é uma só. Privatizaram a Vale, depois a Valec e agora querem vender a Cemig e a Petrobras. Esse enfrentamento deve ser feito por todos, de forma planejada,” destaca.

O coordenador do Sindieletro, Jefferson Silva, também considera o ato na Petrobras um bom começo para a luta coletiva. “No momento em que os governos federal e estadual anunciam a privatização das refinarias e da Cemig, nós anunciamos que estaremos juntos, defendendo as nossas estatais”.

Assim como a urgente luta contra a privatização da Petrobras, o coletivo afirma  que  se fortalecerá e vai lutar contra as propostas de privatizações de estatais federais e estaduais em território mineiro.

A atuação do coletivo também será no sentido de denunciar casos absurdos como o da Valec, empresa estatal que atua no fomento, planejamento, projeto,  construção e operação de ferrovias brasileiras, ameaçada de ser extinta pelo atual Governo Federal.

 

 

 

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