Após reunião com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, na terça-feira (11), o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) afirmou que uma paralisação da classe marcada para a próxima terça-feira (18) está mantida. Segundo os servidores, não houve nenhuma proposta concreta em relação a reajuste salarial.
“A reunião foi amistosa, mas não trouxe nenhuma proposta concreta. Como não houve ainda uma solução, vamos partir para a manifestação no dia 18 com força total”, anunciou o presidente do Sinal, Fábio Faiad.
No último dia 3, os servidores do BC em cargos de chefia começaram a entregar seus cargos. Quase 2 mil servidores já aderiram ao movimento de entrega de postos, dos quais cerca de 500 comissionados. A reunião de hoje só teve “declarações de intenções, (por exemplo) ‘vamos tentar’, ‘vamos conversar’”, acrescentou o dirigente. Depois da mobilização deflagrada pelos funcionários da Receita Federal em dezembro, os servidores do BC desencadearam movimento semelhante.
A categoria começou a se mobilizar depois que o Congresso Nacional aprovou o Orçamento de 2022, em 21 de dezembro, com a previsão de R$ 1,74 bilhão para os reajustes salariais de policiais federais, rodoviários federais e agentes do Departamento Penitenciário Nacional - categorias aliadas do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Receita
No caso dos funcionários da Receita Federal, que também luta por reajustes salariais, a mobilização prossegue. A fila virtual no Porto Seco, em Foz do Iguaçu (PR) – na fronteira com a Argentina e o Paraguai –, ultrapassou 100 caminhões nesta terça. É a maior Estação Aduaneira do Interior (Eadi) da América Latina. O congestionamento é decorrência dos protestos e entregas de cargos de auditores fiscais da Receita Federal, a partir do movimento iniciado em dezembro.
Os servidores da Receita decidiram fazer uma “operação-padrão”, reduzindo a agilidade dos procedimentos. Também definiram protestar contra a falta de regulação do chamado bônus de eficiência. Ele foi criado via medida provisória em 2016 e convertido em lei em 2017, mas nunca foi regulamentado.
Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional), no início da tarde havia cerca de 800 caminhões no pátio do Porto Seco, o que representa 80% da capacidade total do local. No período da manhã desta terça-feira, entre 7h e 11h30, cerca de 95 caminhões de exportação deixaram o Porto Seco com cargas já desembaraçadas, mas apenas 15 cruzaram a fronteira no período.
Em nota à imprensa, o Sindifisco informou que as repercussões da paralisação dos auditores fiscais nas aduanas se intensificaram, já que na quarta-feira passada (5) havia cerca de 450 caminhões no Porto Seco (45% da capacidade) e a fila virtual de exportação estava praticamente zerada. O protesto dos auditores deve continuar. O governo Bolsonaro ignora as reivindicações dos servidores da Receita e de outras carreiras.
Em São Paulo, em nota à imprensa, os representantes sindicais dos auditores fiscais da Receita Federal disseram que os delegados da 8ª RF, do estado de SP, irão publicar as exonerações dos chefes vinculados às suas respectivas unidades.
A estimativa, segundo anota, é de que sejam publicadas cerca de 80 exonerações dessa Região Fiscal nesta quinta-feira.
Segundo Paulo Oshiro, presidente do Sindifisco DS de São Paulo, entraram forte no movimento as unidades aduaneiras de Santos, Cumbica e Viracopos, e também DEOPE e DEINF com suas respectivas repercussões na fiscalização dos maiores contribuintes do país e das instituições financeiras.
Fonte: CUT Brasil