No dia em que se iniciou oficialmente a campanha eleitoral, em agosto, uma série de vídeos foi lançada para desmentir informações falsas, as fake news, sobre o meio ambiente. Por exemplo, a de que o “Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente no mundo”. Esse é, aliás, o tema do primeiro episódio divulgado pela página Fakebook.eco, uma iniciativa do Observatório do Clima, rede de organizações da sociedade civil. Narrado pela atriz e apresentadora Marina Person, o episódio curto e didático traz dados baseados em fontes confiáveis para refutar essas e outras inverdades repetidas principalmente pelo presidente e candidato Jair Bolsonaro (PL).
Em setembro de 2020, na inauguração da Usina Fotovoltaica Coremas III, no município de Coremas, na Paraíba, o mandatário alegou que o Brasil seria “o país que mais preserva o meio ambiente”. E emendou: “Alguns não entendem como é o país que mais sofre ataques vindos de fora no tocante ao seu meio ambiente. O Brasil está de parabéns pela maneira que preserva seu meio ambiente”.
A afirmação, no entanto, é falsa. A realidade é que o Brasil é o país que mais desmata no planeta. Ao menos 40% do desmatamento de florestas tropicais primárias acontece aqui. O equivalente a 10 cidades de São Paulo por ano, de acordo com dados do monitor Global Forest Watch.
Bolsonaro e as mentiras
O primeiro episódio da série de vídeos saiu propositalmente no mesmo dia em que o país iniciou oficialmente a campanha eleitoral. “A gente sabe que o meio ambiente será assunto muito mais falado e debatido nessa campanha do que foi nas corridas eleitorais passadas. Então queremos estar com esses instrumentos afiados, com vídeos, que é uma comunicação muito fácil, os dados todos ali apontados de forma assertiva para não deixar dúvida sobre quem está falando a verdade e quem está mentido na agenda do meio ambiente”, explica o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini.
Os próximos episódios desmentirão outros mitos, como os que dizem que “os países ricos querem barrar o desmatamento no Brasil para impedir o progresso nacional”. Ou ainda que o país possui “poucos indígenas para muitas terras”. Mentiras que também ganharam espaço nas falas de Bolsonaro.
Desde seu primeiro ano de governo, o presidente argumenta que haveria “muita terra para pouco índio”, para justificar a paralisação na demarcação de Terras Indígenas. “Nos últimos três anos e meio, vimos uma enxurrada de desinformações e fake news sobre a área ambiental”, critica Astrini.
Verificação de fatos
“O próprio presidente da República, por exemplo, já chegou a falar diversas mentiras sobre a área do meio ambiente. Usou a tribuna da ONU, inclusive, ara dizer que os indígenas e as pessoas que vivem na Amazônia, os caboclos e ribeirinhos eram responsáveis pelo desmatamento e as queimadas que aconteciam naquele bioma. Então é esse tipo de coisa, com dados científicos que vamos tentar repor. O governo tem um ímpeto de mentir muito grande, ele não tem limites para a mentira. Mas a gente também não tem preguiça de repor a verdade”, destaca o Observatório do Clima.
O primeiro episódio da série de vídeos que desmentem as fake news sobre o meio ambiente está disponível no canal do YouTube do Observatório do Clima. Pelo site do Fakebook.eco também serão publicadas verificações rápidas de autoridades sobre o meio ambiente. O objetivo é também aliar o método jornalístico de verificação de fatos com as referências científicas.
Por Júlia Pereira | Rádio Brasil Atual