O deputado estadual Betão (PT) usou da Tribuna da Assembleia Legislativa (virtual - a foto é de arquivo) para denunciar a situação dos trabalhadores da empreiteira Semco, que há três meses não paga os salários de cerca de seus 300 empregados a serviço da Cemig. Ele também anunciou algumas medidas que encaminhou para obrigar a Cemig, contratante da Semco, a solucionar o problema. O deputado apresentou a situação dos trabalhadores com base em denúncia do Sindieletro.
A Semco realiza obras para a Cemig em algumas regiões do Estado, em cidades como, Pirapora, Naque, Salinas, Braúnas, entre outras.
Betão considerou a situação absurda, lamentável, inadmissível e inaceitável. Ele destacou que a Cemig, ao contratar uma empreiteira, não está isenta das obrigações legais com os trabalhadores e a sociedade, observando que no contrato de serviços devem constar cláusulas de garantias e cumprimento da legislação trabalhista, legislação ambiental e de saúde e segurança dos trabalhadores, entre outras.
Diante do quadro desolador para os trabalhadores, Betão apresentou requerimento para encaminhamento à Cemig, solicitando que a empresa apresente à Comissão de Trabalho da ALMG cópia do contrato de prestação de serviços com a Semco para que a Assembleia possa identificar as cláusulas e verificar se existem garantias para a Cemig reter recursos e pagar os direitos dos trabalhadores. “Se existirem essas cláusulas, vamos acionar imediatamente a diretoria da Cemig para realizar o pagamento”, afirmou.
O deputado também apresentou requerimento para que a Cemig informe o valor total dos recursos repassados à Semco nos últimos 12 meses, justificando: “Queremos verificar a responsabilidade e as obrigações dos envolvidos”.
Pedido de audiência pública
Ainda há outro requerimento de Betão: A realização de uma audiência pública no âmbito da Comissão de Trabalho para a Assembleia ouvir a direção da Cemig e os gestores da Semco. “Cobramos a posição das duas empresas, não podemos permitir que os trabalhadores e a sociedade sejam prejudicados”, ressaltou.
Betão destacou também que o seu mandato está à disposição da luta dos trabalhadores, do quadro próprio e terceirizados. “Repito: Não permitiremos que trabalhadores e suas famílias sejam prejudicados por erros cometidos, seja pela Cemig, seja por empreiteira. Infelizmente, é comum acontecer das contratadas não pagarem os direitos dos trabalhadores, como férias, salários e décimo terceiro salário. Estamos atentos para denunciar e cobrar solução imediata”.
Distorções da política de remuneração na Cemig
Betão ainda disse que, com a mesma intensidade, denuncia as distorções das políticas de remuneração na Cemig. Ele lembrou que, em uma das últimas assembleias de acionistas da Cemig, foi aprovada uma remuneração dos diretores com salário global superior a R$ 150 mil mensais. Informação, acrescentou, que pode ser comprovada no próprio site da empresa e no Portal da Transparência.
“No começo da gestão do governador (Zema), ele fez um discurso de austeridade, de redução de privilégios e cargos de gestores. Mas o governador vem mostrando o oposto na Cemig. A Cemig alegou que reduziu de 11 para sete o número de diretores, mas foi só de fachada; foram nomeados mais sete diretores-adjuntos e, mais recentemente, nomeado um oitavo diretor-adjunto. Hoje, a diretoria tem 15 membros”, criticou.
De acordo com Betão, enquanto isso, os acionistas estão felizes pelos lucros, a diretoria feliz pelos privilégios e altos salários, mas os trabalhadores são atacados por essa mesma diretoria, sem receber seus direitos.
“Cobramos também da Cemig e do governador que a empresa tenha uma política justa e coerente, atenta à situação dos trabalhadores e de todas as demais empreiteiras contratadas”, concluiu.
CONFIRA AQUI O VÍDEO DE BETÃO, COM A DENÚNCIA SOBRE A SITUAÇÃO DOS COMPANHEIROS DA SEMCO
Trabalhadores confirmam a realidade: É calamitosa
Alguns trabalhadores da Semco, ouvidos pelo Sindieletero, confirmaram: os salários estão atrasados há três meses e eles estão paralisados, pois foram orientados a aguardar em casa a solução do problema. Há trabalhador sem ter o que comprar para comer, e vendo as contas se entulharem, com os juros rolando a cada dia.
Um dos trabalhadores da Semco disse que, de fevereiro até este mês, maio, só recebeu 500 reais, e sem justificativa alguma da Semco. Ele ouve de colegas que a Semco alega estar no vermelho e com faturas retidas pela Cemig. Gestores da empreiteira não procuram os trabalhadores, e tampouco soltam comunicado sobre os atrasos.
Outro trabalhador afirmou que não se fala em previsão do pagamento dos salários e a situação na casa dele é de “penúria”. E acrescentou: “Está muito difícil”. Outro declarou que o aluguel está em atraso e os filhos quase passando fome. Ele busca ajuda com familiares e em campanhas de doação de cesta básica.