Sem diálogo e periculosidade: Cemig quer reduzir técnicos de projeto em campo



Sem diálogo e periculosidade: Cemig quer reduzir técnicos de projeto em campo

Gestores da Cemig estão por tomar uma decisão para a área de projetos e orçamentos que, mais uma vez, virá de cima para baixo, sem diálogo com os trabalhadores e com grandes riscos de piorar a saúde e segurança dos eletricitários envolvidos com o trabalho de levantamento de campo para soluções de projeto da rede elétrica.

Os técnicos de projetos foram avisados que a empresa vai retirar a maioria deles da rotina de trabalho de levantamento de campo e concentrar um grupo pequeno de trabalhadores para a tarefa. O número de técnicos que passará a fazer o trabalho de levantamento de campo seria em torno de 14, para atender todo o Estado, sendo oito na Grande BH e seis para o interior. Hoje, aproximadamente 120 trabalhadores do quadro próprio são responsáveis pelos projetos e orçamentos da Cemig nos 853 municípios mineiros. Ao retirar a grande maioria dos profissionais do trabalho de campo, a Cemig deixa de pagar para o grupo de “excluídos” o adicional de periculosidade. (Leia matéria nesta página).

A pergunta que não quer calar é: de onde os gestores tiraram o número 14 como quantidade necessária de trabalhadores para fazer o levantamento de campo, deixando a maioria dos técnicos de fora, e quem está lucrando com isso?

Para os técnicos da empresa, a lista dos prejuízos para os trabalhadores e consumidores é grande. De quebra, haverá sobrecarga de trabalho para os técnicos credenciados e como consequência a terceirização dos serviços que ultrapassarem a capacidade de produção da equipe. Outra questão que é importante citar será à necessidade de deslocamentos constantes, com viagens de centenas de quilômetros e pagamento de diárias. Resultado: além da queda na qualidade dos serviços, os riscos à saúde e segurança no trabalho serão maiores. Ainda, a Cemig estará abrindo mão do conhecimento e experiência da equipe de técnicos e transferindo o know-how adquirido ao longo de décadas para a terceirização;

Cemig e consumidor também perdem

De acordo com os trabalhadores, os projetos e orçamentos feitos pela empreiteira contratada oneram os consumidores e a própria Cemig, uma vez que a filosofia de otimização de recursos utilizados para as soluções de projetos está em conflito com os critérios que definem o calculo da remuneração das empreiteiras que fazem projeto e obras. Ou seja, um projeto otimizado demanda mais treinamento, conhecimento e experiência, o que viabilizará uma obra segura, adequada e funcional. Um projeto de baixa qualidade significa uma obra inadequada, insegura e dispendiosa, mas também favorece a empreiteira, pois gera uma quantidade maior de US’s (Unidade de Serviços ), que é o que define o valor da remuneração das empreiteiras de projeto e obras.

Além disso, as análises de cargas feitas pela empreiteira nas redes da Cemig apresentam, muitas vezes, equívocos, gerando uma série de problemas que afetam a qualidade dos serviços e prejudicam a rotina dos trabalhadores da Cemig. No dia a dia, os técnicos Cemig acabam sendo obrigados a realizar grande quantidade de retrabalho, devido a falhas da empreiteira, que não se preocupa em manter um corpo técnico treinado e qualificado, no intuito de abaixar ainda mais seus custos operacionais. Além disso, há a quarterização de projetos, utilizando-se para isso uma grande quantidade técnicos aposentados da própria Cemig, que prestam esse serviço sem nenhum vínculo empregatício, baixa remuneração, correndo os riscos da atividade por conta própria, sem segurança ou quaisquer outras garantias trabalhistas, em total desacordo com compromisso da Cemig para com a sociedade, seus consumidores e até mesmo para com os seus acionistas.

Para a empreiteira tanto fez, tanto faz, visto que receberá pelas US’s (Unidades de Serviço), independente se houver retrabalho. Retrabalho esse que, segundo os técnicos, é constante. A contratada ganha para tudo, como análise de carga, orçamento estimado, levantamento de campo, elaboração de projetos, atualização de cadastro, entre outros serviços. A fiscalização sobre os serviços das empreiteiras é praticamente inexistente, gerando impunidade para os seus erros e prejuízos para empresa e consumidores.

Por sua vez, a empreiteira tem conseguido se desvencilhar das multas contratuais, alegando seguidamente que a quantidade de US’s tem superado o limite mensal do contrato, e que estaria além da sua capacidade.

Outra consequência: economia com retirada da periculosidade

Com a redução de técnicos em trabalho de campo, a Cemig estaria fazendo uma manobra com a retirada do adicional de periculosidade da maioria dos profissionais. O Sindieletro avalia que os gestores da empresa, mais uma vez, só estão enxergando o lado econômico, sem se importar se o trabalhador está sobrecarregado e em mais risco de adoecimento e acidente de trabalho. Os técnicos de projeto sempre correram atrás de seus direitos, foram os primeiros a entrarem na Justiça pela periculosidade sobre a remuneração. Para o Sindieletro, redução do pessoal do projeto é também uma retaliação a aqueles que têm consciência de seus direitos.

O Sindieletro também vê como retaliação o fato das avaliações de desempenho desde 2011 terem classificado os técnicos do Núcleo de Projetos da Região Metropolitana – unidade Itambé - com nota insuficiente para que eles tivessem a garantia de valorização com a verba do PCR.

A direção do Sindieletro não mede esforço para impedir que a decisão de mudar todo o sistema de trabalho da área de projetos seja viabilizada. Para isso, diretores sindicais têm se reunido com gerentes e superintendente de RH.

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