Selt Engenharia oculta acidente gravíssimo

O Eletricista da Selt Engenharia, José Jairo da Silva, de 67 anos, está internado, em estado grave no CTI do Hospital João XXIII (HPS) em Belo Horizonte, há 15 dias. Os médicos do HPS informaram que, infelizmente, o quadro de Jairo é grave e que ele teve lesão na coluna cervical e ainda corre o risco de morte.

A situação é tão absurda que, enquanto o trabalhador está inconsciente, entre o risco de morte e de ficar tetraplégico, a empreiteira nega todas as informações para a família.

De acordo com a filha do eletricitário, Lenir Aparecida da Silva, o acidente aconteceu em Vespasiano, no dia 4 passado, mas a família só foi avisada no sábado, 5. Durante a semana, Jairo ficava no alojamento da empresa, em Ribeirão das Neves.

Sem CAT
Assim que ficou sabendo do acidente, através do advogado contratado pelos familiares, o Sindieletro, por meio da assessora Laís di Bella, foi imediatamente para o HPS e encontrou a filha do eletricitário, que estava desesperada com a situação do pai e indignada com a forma como a Selt está tratando o assunto.

Lenir disse que cobrou por várias vezes do representante da empresa, Valter Tenônio Soares - que se identificou com técnico de segurança - a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), mas, até hoje, a empresa ainda não emitiu o comunicado e entregou à família apenas parte dos documentos pessoais do trabalhador.

O Sindieletro interferiu junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, que entrou em contato com a Selt, que se comprometeu a entregar a CAT na tarde de hoje. Para a perplexidade e indignação geral, os familiares foram à sede da empreiteira, nesta sexta-feira, mas a empresa se recusou novamente a entregar a comunicação.

Precarização
Segundo familiares, José Jairo é aposentado e trabalha como eletricista há mais de 30 anos. O último registro na carteira foi feito em 2 de maio de 2002, tendo como empregador a Selt Engenharia,no cargo de eletricista III. Apesar de todo esse tempo de empresa, até agora a família do eletricista não sabe sequer quando ocorreu o acidente e em que condições.
A precarização do trabalho no setor elétrico é tão grande que também não se sabe para quem Jairo prestava serviços no momento do acidente, se era de iluminação pública para uma prefeitura ou se atuava na rede da Cemig.

Ma fé
Além da demora em avisar a família, a empreiteira é acusada de ter dito à assistente social do HPS que o eletricitário foi abandonado pela família, enquanto a realidade é outra. A filha de Jairo, Lenir, que mora no Rio de Janeiro, é casada, e tem dois filhos, deixou tudo para acompanhar a recuperação do pai no HPS. A esposa de José Jairo, que também é idosa, e mora em Contagem, está doente e impossibilitada de movimentar-se.
Segundo Lenir, o técnico de segurança da Selt orientou-lhe para não procurar advogado e nem entrar em contato com o sindicato e, ainda, ofereceu R$20 para ajudar na passagem.

Indignação
O Sindieletro entende que a terceirização é a causa direta deste e de inúmeros acidentes com eletricitários, por isso, mantém a campanha pela primarização há muitos anos. Agora apelamos aos eletricitários para conquistar o fim da terceirização na renovação do Acordo Coletivo de Trabalho deste ano.