Seis décadas e nove anos de conquistas e desafios



Seis décadas e nove anos de conquistas e desafios

Em 25 de julho de 1951 um grupo de eletricitários da extinta Companhia Força e Luz já estava organizado na Associação dos Hidroelétricos de Belo Horizonte, Itabirito e Santa Bárbara, e decidiu por transformar a entidade em um sindicato. Passou a chamar Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Hidroéletrica de Belo Horizonte, Santa Bárbara e Itabirito. Tempos depois, adotaria o nome Sindieletro.

Naquela época, as condições de trabalho do setor elétrico eram péssimas. Então, criar uma organização em defesa dos direitos da categoria foi de suma importância e uma iniciativa vitoriosa.

Em 22 de maio de 1952 a Cemig foi criada e Minas passou a ter duas importantes empresas de energia, cujos trabalhadores eram representados pelo Sindieletro. Nos anos 70, a Cemig incorporou a Companhia Força e Luz, consolidando-se como a mais importante empresa de eletricidade do Estado.

Ao longo dos anos, os eletricitários e eletricitárias conquistaram Acordos Coletivos cada vez mais avançados, com melhores condições de trabalho e salários, não porque as empresas são boazinhas, mas porque eles foram à luta.

O histórico recheado de vitórias e primeira greve nos anos 80

Nosso primeiro jornal foi O Hidro-elétrico, lançado em 1956. Em 1968 foi batizado de Hidrelétrico; na sua capa foi destaque a construção da nova sede própria do Sindieletro, na rua Mucuri, bairro Floresta, em Belo Horizonte.

Nos anos seguintes, tivemos vários desafios, mas um dos principais certamente foi lutar durante a ditadura militar. O Sindieletro chegou a sofrer intervenção militar, com a destituição de sua diretora. Vários diretores tiveram que fugir da prisão e da tortura, como o ex-presidente da entidade (na época, o cargo era de Presidência), Delmyr Villela.

Na eleição realizada em outubro de 1970, tivemos a primeira eletricitária (e única até hoje) presidenta do Sindieletro, Maria Felícia da Rocha Macedo, reeleita para o mandato 1980 a 1983. Na gestão dela, os eletricitários conquistaram direito à aposentadoria especial. E nossa sede própria foi inaugurada em 1971.  Nessa década, conquistamos a Forluz.

Nos anos 80, a categoria conquistou o adicional de periculosidade e uma gestão cutista, com a vitória da chapa Energia na Luta, em 1987. As eletiricitárias passaram a contar com convênios com creches. Depois, elas obtiveram o auxílio creche.

E a primeira greve da categoria ocorreu em 1987. Fomos vitoriosos, com um reajuste salarial de 59% (tempos de inflação alta), correção no valor da ajuda de custo para férias, regularização do pagamento da Maria Rosa, reembolso para despesas médicas, entre outras conquistas. Outras greves históricas aconteceram nos anos 90 e década de 2000.

Na Campanha Salarial de 1984 foram negociados o anuênio de 1% sobre o salário e a equiparação salarial para trabalhadores da capital e interior. O ano de 1986 foi da conquista da gratificação de função acessória.

Ainda na década de 80 os trabalhadores conquistaram o tíquete refeição, eleição direta para representante dos participantes nos Conselhos Deliberativo e Fiscal da Forluz, entre outras.

Década de 90 foi de conquista do plano de saúde e da PLR

Chegaram os anos 90, e finalmente conquistamos o nosso plano de saúde: primeiramente, chamou Prosaúde e sua gestão ficou por conta da Forluz.  Depois, passou a ter gestão própria e se chamar Cemig Saúde. Os trabalhadores também conquistaram o direito a um representante na DRP (Diretoria de Relações com os Participantes) na Forluz. Agora temos também representação nos Conselhos e DRP no plano de saúde.

Conquistamos também a unificação das Cipas, o direito às reuniões setoriais e parcelamento de empréstimo de férias em até 10 vezes, sem juros.

A PLR merece um destaque no histórico de lutas. Em maio de 1995, os eletricitários realizaram greve de 13 dias pela Participação nos Lucros e Resultados. Durante essa paralisação, houve a histórica greve de fome com o sacrifício de nossos diretores, Maurílio Chaves, Diniz Santana, Celso Amarante e Lúcio Guterres. Valeu a pena!

Outra grande vitória da categoria foi a unificação do Sindieletro e do antigo Sindelt, em 1996. Essa vitória foi ainda mais consolidada com a ampliação da nossa representatividade não só no Grupo Cemig.

PEC 50: não privatiza em Minas sem ouvir o povo!

1999 e início dos anos 2000: Conquistamos a anulação do Acordo de Acionistas, que deu ao setor privado 33% das ações ordinárias da Cemig. Mas precisávamos avançar: negociamos com o então governador Itamar Franco a PEC 50. Impedimos a privatização da Cemig com a regra da PEC 50, incluída na Constituição Mineira, que determina: a Cemig e demais estatais e suas subsidiárias só podem ser privatizadas com a aprovação, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, de 3/5 dos deputados, além da realização de um referendo popular. Essa conquista foi de extrema importância. Hoje, colhemos os frutos da nossa mobilização histórica em defesa da Cemig. O governo de Romeu Zema só não privatizou a Cemig e outras estatais por conta da PEC 50. No início do novo milênio, denunciamos às autoridades a explosão de acidentes de trabalho fatais com eletricitários a serviço da Cemig, em sua maioria trabalhadores terceirizados. Chegou ao ponto de ocorrer um acidente fatal a cada 43 dias! Conseguimos o apoio e a intervenção do Ministério Público do Trabalho para frear a situação dramática.

Impedimos a privatização da Gasmig

Em 2014, a categoria se mobilizou e conquistou o arquivamento definitivo da PEC 68, que alterava a Constituição Estadual no que determinava um quórum de 3/5 dos deputados e a realização de plebiscito popular para autorizar a privatização da Gasmig. Ainda nesse ano, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidiu reconhecer o direito ao adicional de periculosidade para os técnicos de projetos, a partir de ação movida pelo Sindieletro. Em 2015 realizamos a greve histórica de 54 dias. Finalizamos em janeiro de 2016, mostrando a nossa capacidade de resistência! Inauguramos também a mobilização por meio de ocupações de locais na Cemig, impedindo retrocessos em nosso ACT.

Hoje, mais luta contra a privatização

Na era de Romeu Zema, lutamos contra a nova ameaça de privatização da Cemig e as ações do governador com os gestores da empresa para sucatear a estatal. Nestes tempos sombrios do Zema, bases operacionais da Cemig foram fechadas, como a São Gabriel, vários ativos estão sendo vendidos e é constante a tentativa de retirar mais direitos dos trabalhadores da Cemig. Tudo nos exige mais força e resistência! E, finalmente, não devemos nos esquecer das nossas recentes mobilizações contra as reformas Trabalhista e da Previdência. Durante o governo Bolsonaro, as lutas precisam ser intensas contra a privatização da Cemig e de outras estatais, como a Eletrobras e Petrobras. A categoria eletricitária nunca fugiu à luta. Continuamos na resistência, como sempre.

 

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