A mobilização dos eletricitários no nono dia de greve, hoje, foi intensa de manhã e à tarde. Nesta tarde os trabalhadores, após fazerem apitaço em frente à Assembleia Legislativa em defesa da negociação do Acordo Coletivo de Trabalho, justiça na Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e pelo fim dos acidentes na Cemig, seguem em passeta nos arredores da sede da Cemig, bairro Santo Agostinho, BH.
Na manhã desta terça-feira, 3, os trabalhadores lotaram o plenarinho da Assembleia Legislativa para acompanhar a audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos. A audiência debateu o desrespeito da Cemig com seus trabalhadores. O coordenador geral do Sindieletro, Jairo Nogueira Filho, mostrou aos deputados por que a greve dos eletricitários entrou na segunda semana. "Reivindicamos a abertura da negociação, pois nosso Acordo Coletivo de Trabalho tem quase 60 anos e pela primeira vez na história está na Justiça, porque a empresa não negocia. Hoje a Cemig é comandada pela Andrade Gutierrez, que não está nem aí para o trabalhador", denunciou.
O presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU/CUT), Franklin Moreira Gonçalves, pediu a intervenção dos deputados estaduais para que o pacto da empresa com os acionistas não tarnsforme a Cemig 'na pior das empresas privadas'. Ele destacou que, no passado, a casa legislativa evitou que a Cemig fosse oficalmente privatizada, mas, na prática, a empresa é administrada pelo pacto de acionistas. "A Cemig deve gerar cerca de R$ 3 bilhões de lucro em 2013, mas querem distribuir R$ 4,5 bilhões para os acionistas. Nem o mais insano dos empresários faria uma operação dessas", denunciou o presidente da FNU.
Durante a audiência, marcada para debater as demissões na Cemig Serviços e a truculência com que a empresa tratou o movimento dos trabalhadores e apoiadores, mas acabou abordando a greve da categoria e a postura da empresa de não negociar, representantes do Ministério do Trabalho e Emprego confirmaram as irregularidades praticadas pela Cemig. Francisco Henrique de Barros, representante do MTE, diz que são muitas as irregularidades trabalhistas encontradas na Cemig Serviços e Cemig Distribuição. "Sabemos que a terceirização é prejudicial à sociedade e ao trabalhador porque afronta a integridade e a dignidade humana e é por isso que vamos continuar fiscalizando a Cemig", avisou.
Os deputados estaduais Rogério Correia e Adelmo Leão criticaram a postura da Cemig. Correia disse que a sociedade tem o direito de saber quanto a Andrade Gutierrez investiu para comprar ações e quanto lucra com a Cemig. Leão ressaltou que, como uma empresa pública, a Cemig deve ser aberta e transparente, mas está na escuridão por causa da terceirização, da precraização das condições de trabalho e da falta de transparência na transferência da riqueza dos mineiros para o capital privado.
A presidente da CUT Minas, Beatriz Cerqueira, disse que o movimento dos eletricitários sofre os efeitos da política autoritária do governo do Estado, que tenta silenciar a imprensa sobre as greves e mobilizações dos trabalhadores, desacreditar a representação sindical e levar impasse para campo jurídico, suspendendo a negociação. "Só de existir, a greve dos eletricitários já é vitoriosa . É preciso agora ter resistência coletiva para que a greve alcance conquistas", disse Beatriz.
Segunda-feira de luta
No Anel Rodoviário e em outras portarias houve concentração e panfletagem na egunda–feira, 02. Na capital, diretores do Sindieletro destacaram que o coletivo está acima do individual. “Em momento algum o Sindieletro se furtou de buscar o diálogo. Os trabalhadores têm direito à vida e o trabalho tem que trazer dignidade e não mortes e mutilações”, destacou um eletricitário do Anel Rodoviário.
A maioria absoluta dos trabalhadores está sem acordo para o ACT e para a PLR. Aliás, por causa da insensibilidade da Cemig, a categoria eletricitária está sem o Acordo Coletivo de Trabalho desde 2012. Na Participação nos Lucros e Resultados, a maioria dos eletricitários também está sem acordo.
Negociação
Enquanto a Cemig não agenda reunião de negociação, a mobilização dos eletricitários continua e cobra da direção da empresa a abertura
da negociação e resposta para as propostas do Comando de Greve:
1 - Não descontar os dias parados em greve;
2 - Reajuste salarial com aumento real de 5%;
3 - Firmar o Pacto Pela Saúde e Segurança;
4 - Não às demissões arbitrárias detrabalhadores antigos na casa. Abrir livre adesão;
5 – Chamar 2.000 concursados, sendo 1.000 eletricistas;
6 – Seleção interna anual e irrestrita;
PLR de R$ 25 mil com 50% das metas corporativas e 50% metas gerais por superintendência, com assinatura até março de 2014.