Na primeira quinzena de setembro, a CUT Minas realizou o I Seminário Estadual sobre Assédio Moral, no auditório do Sindieletro, em Belo Horizonte. A palestra da médica do Trabalho e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Margarida Barreto, uma das maiores autoridades do país no assunto.
Margarida Barreto destacou que práticas de assédio moral contra trabalhadores vêm aumentando desde os anos 1980, e se agravando cada vez mais com a sobrecarga de trabalho, terceirização e precarização nas condições e relações de trabalho.
A médica também apontou que houve aumento dos mecanismos de individualização das relações do trabalho, levando à fragmentação dos laços afetivos e da solidariedade entre os trabalhadores. As empresas introduziram a cultura de contentamento geral com o sofrimento do outro, para oprimir, humilhar e constranger trabalhadores e trabalhadoras.
A médica criticou que as empresas intensificaram medidas de degradação das condições de trabalho, limitaram o convívio com o coletivo, aplicaram o isolamento, atribuíram tarefas desnecessárias, discriminaram por intermédio de salários.
Para Margarida Barreto, “o trabalho é o que nos dá identidade, é o que permite dizer o que você é, lhe dá condições para sobreviver. Cabe aos dirigentes sindicais irem à luta contra a violência no trabalho, que tem como consequências as demissões, o alcoolismo, a ansiedade, o isolamento, as doenças.”
A médica orientou: o trabalhador e a trabalhadora devem denunciar sempre que forem vítimas do assédio moral, sempre lutar e acionar o sindicato da categoria. Denunciar e processar quem pratica o assédio, disse Margarida Barreto, fazem parte das lutas por uma sociedade com respeito ao outro e seus direitos, com relações fraternas e solidárias.