Rumor de privatizações valoriza Cemig e Copasa



Rumor de privatizações valoriza Cemig e Copasa

Apesar das negativas do governo, papéis das companhias avançaram na Bovespa

Os rumores sobre as privatizações da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) fizeram as ações dessa estatais mineiras subirem nessa terça-feira (21). A empresa de energia teve elevação de 5,73% nos preços do papéis, enquanto a estatal de saneamento registrou alta de 3,18%.

As especulações foram geradas por uma atualização do projeto de recuperação fiscal dos Estados apresentada pelo ministro da Fazenda Henrique Meirelles ao gabinete do presidente Michel Temer. Pela proposta, os Estados teriam que adotar diversas medidas, entre elas, a privatização de bancos, empresas de saneamento, água e eletricidade em troca de ajuda do governo federal.

O que reforça o projeto do governo é a privatização da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae), do Rio de Janeiro, que foi aprovada nessa segunda pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Nessa terça-feira (21), a presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos, afirmou que a instituição deve lançar, na próxima sexta-feira, os primeiros seis editais para concessões nas áreas de água e esgoto. Conforme ela, os primeiros Estados participantes são Pará, Amapá, Alagoas, Pernambuco e Maranhão.

Nessa terça-feira (21), durante a entrega de veículos de resgate ao Corpo de Bombeiros, em Belo Horizonte, o governador de Minas Gerais Fernando Pimentel, descartou as privatizações. Para ele, a proposta de ajuste fiscal apresentada pelo governo federal, apesar de ajudar os Estados em situação de dificuldade, “elenca contrapartidas duríssimas com os serviços públicos dos Estados”.

Pimentel disse que a imposição da privatização é tida como uma receita milagrosa, o que ele discorda. “Ora, é como se faltasse comida na sua casa e você vendesse o fogão para solucionar o problema. Mas você vai fazer a comida onde? Nós temos empresas públicas muito competentes, que estão melhorando a cada dia. Cemig, Copasa, Codemig e outras. Privatizar para quê? Qual é o objetivo dessa pressão para que o Estado venda suas empresas mais eficientes para resolver um problema que nós podemos resolver ao longo do tempo, se houver boa vontade do governo federal?”, questiona.

Nessa terça-feira (21), além de Cemig e Copasa, bancos estatais do Rio Grande do Sul e Espírito Santo tiveram altas expressivas na Bolsa. O Banrisul chegou a ter ganhos de 13% e encerrou o dia com alta de 10,32%. Outro banco, o do Espírito Santo, chegou a ter alta de 12,42% e fechou nessa terça-feira (21) com valorização dos papéis de 6,06%. Com esses movimentos, a Bovespa teve alta de 0,76%, aos 69.052,02 pontos – maior nível desde 7 de abril de 2011.

O professor de finanças do Ibmec/MG Marcos Antônio Camargos diz que, para o mercado financeiro, a privatização é encarada de forma positiva, com perspectiva de aumento da eficiência. “Para a população, pode ser bom ou não. Poderá ter casos em que o serviço pode até melhorar, só que o preço poderá aumentar”, diz.

Novela. A Cemig reiterou nessa terça-feira (21) ao Ministério de Minas e Energia (MME) um pedido de prorrogação, por 20 anos, dos prazos de concessão das usinas de Jaguara, São Simão e Miranda.


Conta vai aumentar 7,17% para consumidor pagar R$ 62,2 bi

Brasília. As transmissoras de energia vão receber R$ 62,2 bilhões nos próximos oito anos em indenizações. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), R$ 35,217 bilhões correspondem a valores que as empresas deixaram de receber entre 2013 e 2017, por investimentos realizados antes de maio de 2000. O restante, R$ 26,983 bilhões, corresponde à remuneração por esses investimentos. Isso inclui a parcela que não foi paga entre 2013 e 2017 e a parcela correspondente à remuneração até o fim da vida útil de cada um dos ativos.

Segundo o diretor geral da Aneel, Romeu Rufino, os valores são as melhores estimativas neste momento, mas podem ser alterados até junho deste ano, quando serão referendados. Ele informou que há laudos de empresas que ainda não foram validados pelo órgão regulador. Além disso, a agência usará a variação do IPCA mais atualizada possível, referente ao período entre janeiro de 2013 e junho de 2017.

O atraso no pagamento de indenizações bilionárias devidas às transmissoras de energia elétrica terá um impacto médio de 7,17% na conta de luz do consumidor nos próximos oito anos, de acordo com cálculos da Aneel.

Considerando as diversas distribuidoras que atendem os clientes de todo o país, o órgão regulador estima que o aumento deve ficar entre 1,13% a 11,45%. Isso não significa que as contas vão subir nessa magnitude, pois a transmissão é apenas um de vários itens que compõe as tarifas, que inclui custos de geração, distribuição, subsídios e impostos.

Pagamentos.

Dos R$ 35,217 bilhões, a maior parcela será paga à Furnas, R$ 12,592 bilhões; Chesf, com R$ 7,760 bilhões; e CTEEP, com R$ 5,668 bilhões. A Eletronorte terá R$ 3,609 bilhões; a Eletrosul, R$ 1,685 bilhão; a Cemig, R$ 1,409 bilhão; CEEE, R$ 1,142 bilhão; a Copel, R$ 1 bilhão; e a Celg, R$ 306,3 milhões. Em receita que deixou de ser paga entre 2013 e 2017, as empresas vão receber R$ 5,815 bilhões, dos quais a Cemig terá direito a cerca de R$ 430 milhões

Jornal O tempo

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