Não é tragédia, não é inevitável. Uma política de saúde e segurança eficiente, negociada com os sindicatos, poderia evitar as mortes e mutilações de trabalhadores a serviço da empresa
Em janeiro já era para a Cemig iniciar com os sindicatos o debate sobre a nova política de saúde e segurança, conforme o nosso ACT 2015/2016. Em fevereiro a mesa temática de primarização também já deveria estar funcionando. Mas até agora, em março, mesmo com as cobranças do Sindieletro para as reuniões de negociação, os gestores da Cemig continuam desprezando essa demanda. Nada de reunião, nada de debate.
E, assim, com tanto desprezo e indiferença com a vida dos trabalhadores, a realidade, dura e cruel, nos traz uma péssima, lamentável e revoltante notícia. Mais um eletricitário a serviço da Cemig morreu em acidente de trabalho. É o primeiro acidente fatal do ano. Em 2015, cinco eletricitários morreram a serviço da empresa, todos terceirizados.
As primeiras apurações do Sindieletro apontam que, na quinta-feira, 3, o eletricista da empreiteira Encel, Ronaldo Oliveira de Lima, 39 anos, casado, dois filhos menores, caiu de um poste, em Raul Soares, durante serviço de instalação de um ramal. Ele sofreu fratura cervical, foi socorrido e internado em hospital de Raul Soares. Só que, horas depois, Ronaldo faleceu.
Ronaldo trabalhava na Encel há dois anos e, segundo colegas, tinha experiência e muito empenho no trabalho. Na empreiteira, o clima é de muita tristeza e choque.
Agenda da Saúde e Segurança e da Primarização
A nossa agenda de negociação com a Cemig é extensa, séria e merece toda atenção. Só que, até o momento, a direção da Cemig só pensa no lucro, na produtividade, na redução de custos e retirada de direitos, no desrespeito ao nosso ACT, na imposição de sua vontade. Enquanto isso, aumenta a exploração e trabalhadores morrem durante o trabalho.
Os acidentes envolvendo o trabalho na Cemig não são tragédias, são consequências da omissão e conivência dos gestores da Cemig com as empreiteiras. Elegemos um governador com compromisso público de combater a terceirização e a precarização do trabalho. Fizemos 15 dias de vigília e 52 dias de greve para assinar um ACT prevendo uma nova política de saúde e segurança e um acordo de primarização das atividades-fim.
Relembremos a nossa agenda: em janeiro, iniciar as discussões sobre saúde e segurança nas terceirizadas. Em fevereiro iniciar a mesa temática de primarização, com acesso a todos os dados pertinentes, a começar com as duplas multifuncionais.
Em março, avaliar o trabalho individual em área de risco e duplas de linha viva e apresentação da proposta de primarização da Cemig (com a promessa de ser mais avançada que a do Sindieletro).
Até 2 de junho, negociar o ACE de primarização com os sindicatos. Até o final do ano, finalizar a nova política de saúde e segurança, com negociações na mesa temática.
Infelizmente, após a negociação do ACT, a Cemig não respondeu às solicitações para iniciar as negociações e tem se negado até mesmo em receber os diretores do Sindieletro. Vamos continuar a exigir o cumprimento do Acordo assinado e também os compromissos do governador Fernando Pimentel.