Na última quarta-feira, dia 30, o Sindieletro participou de uma reunião com a Cemig para tratar sobre a PLR. Ignorando a proposta dos trabalhadores (que reivindicam 4% do Lajida, com mínimo de R$ 150 milhões a serem distribuídos de forma linear), a empresa simplesmente informou que não vai mais negociar a PLR referente a 2017.
No encontro, a direção da Cemig sinalizou que ao invés da Participação nos Lucros poderá utilizar o pagamento de um “bônus” referente ao ano de 2017, também vinculado ao cumprimento de metas. A empresa evitou falar em valores e sobre a forma de distribuição do tal bônus, dizendo que realizará outra reunião após o feriado de 7 de setembro.
PLR 2018
Na mesa, a Cemig disse que quer discutir a PLR de 2018 este ano e apresentou 17 indicadores para as metas. Essa discussão de muitas metas parece, mais uma vez, pretexto para enrolar as reuniões de PLR. Ressaltamos que a proposta de metas dos eletricitários para a PLR já foi apresentada há muito tempo e não pode ser ignorada.
Através do informativo “Linha Viva”, nº 228, divulgado na tarde de quinta--feira (31), a gestão da Cemig alega que solicitou aos sindicatos celeridade na análise dos indicadores apresentados pela empresa, como se quisesse responsabilizar as entidades sobre um eventual atraso que inviabilize a negociação.
Lembramos que Cemig só apresentou esses indicadores no final de agosto, sem tocar no assunto de montante ou forma de distribuição. Por isso, lembramos também que a empresa tem em mãos, há meses, a proposta de PLR dos trabalhadores e trabalhadoras. Celeridade quem cobra é a categoria eletricitária.
Os indicadores contidos na proposta aprovada pela categoria em assembléias são: 1-DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Consumidor); 2- IPTD (Índice de Perdas Totais da Distribuição); 3- IASC (Índice Aneel de Satisfação do Consumidor); 4- EIRMGF (percentual de energia impactada pelo mecanismo de redução de garantia física que mede a disponibilidade das usinas para o sistema elétrico); 5- IDT (Índice de Disponibilidade da Transmissão) e 6- ITC (Índice de Transferência de Custos – mede a apuração de custos secundários, visando maior controle e economia de custos).
Para o Sindieletro, esses indicadores contemplam as principais dimensões operacionais da empresa, sendo que cinco deles podem ser acompanhados mensalmente, o que favorece o cumprimento do acordo.
Pela nossa proposta, a definição de metas para cada indicador será negociada com a empresa. Também queremos negociar um adiantamento da PLR 2017 a ser pago no final deste ano.
Lajida
A Cemig disse que não concorda com a proposta de um percentual sobre o Lajida, conforme apresentamos. A direção da empresa insiste na proposta de um percentual sobre o lucro líquido, o que é uma posição equivocada.
“Existem inúmeros caminhos para se negociar critérios de pagamento de PLR, mas a vinculação com lucro líquido, como quer a Cemig, traz um risco indesejável, do ponto de vista dos trabalhadores e, também, do ponto de vista da empresa. Destacamos que o lucro líquido pode ser reduzido por fatores que não têm relação com o operacional (como aconteceu no ano passado). Ou seja, os trabalhadores podem se empenhar para o cumprimento das metas, mas não receberem PLR ou terem acesso a valor muito pequeno. Isto pode levar à frustração de todos e, consequentemente, ao descrédito do programa para os anos seguintes,” defende Carlos Machado, técnico da Subseção do Dieese no Sindieletro.
Histórico
Nas assembleias realizadas de 26 a 30 de dezembro de 2016, 90% dos eletricitários de toda a base do Sindieletro rejeitaram a proposta da empresa para a PLR de 2017 e defenderam nova política de distribuição de lucros.
A PLR paga em maio deste ano sofreu uma queda de aproximadamente 87% se comparada com a PLR paga em 2016: O montante foi reduzido de R$ 100 milhões para cerca de R$ 13 milhões.
Para a PLR de 2015 (paga em 2016), houve a garantia mínima de R$ 100 milhões.
Na avaliação do Sindieletro, a atual proposta de PLR da Cemig é injusta, pois apresenta um montante (4%) baseado no lucro e não no resultado operacional (Lajida). A direção da empresa tenta jogar para cima dos trabalhadores a culpa por operações de compra de ativos e de política de gestão realizados no passado e que geraram prejuízos.
Justiça na PLR
Relembramos que os trabalhadores da Cemig foram os primeiros do setor elétrico brasileiro a conquistar um acordo de PLR. Isso foi em 1995, após uma dura greve de fome feita com a participação de quatro diretores do Sindieletro.
No entendimento do Sindicato, os resultados da empresa refletem os esforços coletivos e, portanto, não podem ser entendidos meramente como um somatório dos esforços individuais ou de áreas específicas.
Nosso processo de trabalho é coletivo, interdependente e solidário. Por isso, para ter justiça na PLR, a distribuição dos lucros só pode ser linear.