Relato: “A fome e o sofrimento tomam as ruas de BH”



Relato: “A fome e o sofrimento tomam as ruas de BH”

A população de rua é uma das grandes vítimas das medidas de isolamento social, adotadas para conter a disseminação do coronavírus. Nas últimas semanas, voluntários que realizam trabalhos junto a grupos em situação de vulnerabilidade social relataram que o cenário era de fome e desinformação. O que tem exigido deles um esforço maior para oferecer alguma ajuda.

O Pastor Leo Santo, da Igreja Água Viva de Esmeraldas, idealizador da Missão Onda, conta que, por causa da epidemia, vários projetos sociais que auxiliavam populações carentes foram interrompidos, até mesmo sob orientação de órgãos governamentais. Segundo dados de 2019 da Secretaria de Assistência Social da PBH, a população de rua na capital chega a 7 mil pessoas que, sem os projetos e sem como recorrer a esmolas nas ruas, não tem conseguido o necessário para comer.

De acordo com o Pastor, em cerca de 16 anos de trabalho com moradores de rua e dependentes químicos nas ruas da capital mineira, nunca havia presenciado tal situação. No último fim de semana, quando ele e sua equipe foram distribuir 450 kits de lanche em baixo do Viaduto Santa Tereza, diversas pessoas foram a eles chorando de fome. Diante deste cenário, os voluntários se mobilizaram para arrecadar doações, para preparar e distribuir comida em marmitex para a população de rua em diversos pontos do centro de Belo Horizonte.

Como perceberam que muitos não tinham conhecimento da pandemia e questionavam o uso das máscaras e luvas por parte dos voluntários, o grupo também se mobilizou em ações para informar e conscientizar a população de rua sobre a epidemia e hábitos de higiene. Além de distribuírem sabonete líquido e álcool em gel em pontos estratégicos, a Missão Onda em conjunto com a Rede Solidária BH, conseguiram um carro de som para rodar no centro da capital informando sobre a Covid-19 na semana passada.

O grupo liderado pelo Pastor Leo pretende intensificar os trabalhos nas próximas semanas, com o objetivo de distribuir mais marmitex para a população de rua nos sábados e domingos, quando o restaurante popular não está em funcionamento. A meta do grupo é entregar, em cada dia do fim de semana, entre 1500 e 2000 refeições.

A estrutura para o preparo dos alimentos será a do Mercado da Lagoinha. que foi cedida pelo prefeito Alexandre Kalil. Interessados em doar devem entrar em contato com os perfis da Missão Onda ou da Rede Solidária no Instagram.

Fonte: Os Novos Inconfidentes

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