Semana passada o Sindieletro flagrou em Mário Campos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a existência de um bairro quase inteiro atendido por rede elétrica clandestina. São dezenas de chácaras com padrão instalado sem medidor, localizadas no bairro Bom Jardim. A área é atendida pela Selt Engenharia, uma das empreiteiras com contratos de maior valor com a Cemig.
Há informação que o custo do projeto da rede foi rateado entre os moradores. Nas imobiliárias da região, as chácaras de mil metros quadrados são oferecidas por R$ 70 mil. O corretor informa: 'lá tem luz e em breve vai ser um condomínio fechado'. O que o vendedor não explica é que a rede é gato.
O Sindieletro também recebeu denúncia de rede clandestina na área rural de Esmeraldas, sinalizando mais prejuízos da nociva parceria entre a especulação imobiliária e a indústria de gatos no Estado.
Consumidor paga a conta
Segundo a própria Cemig, as redes clandestinas geram prejuízo anual de R$ 250 milhões, uma perda que é, em grande parte, paga pelos consumidores. Na última semana, a empresa foi para a imprensa dizer que faz a sua parte no combate aos gatos, fiscalizando as ligações clandestinas através do Centro Integrado de Medição. Mas, na avaliação do Sindieletro, a empresa deixa muita coisa sem explicação.
É preciso que a Cemig revele quem tem condições técnicas e conhecimento para instalar redes para atender casas, empresas e até bairros inteiros, beneficiando pessoas com o consumo gratuito de energia e penalizando consumidores cadastrados que assumem o prejuízo. Qual a punição aplicada para empresas que instalam a rede clandestina, que é facilmente identificável por não estar cadastrada na Companhia e por usar pontaletes de 5 metros e outros itens fora do padrão de rede da Cemig? Para o Sindieletro, a rede clandestina de Mário Campos confirma mais uma vez que, com a terceirização desenfreada, a Cemig perdeu a confiabilidade do sistema elétrico e o controle sobre as empreiteiras.